Notas Soltas – março/2020


Guiné – A negociação dos acordos sobre as jazidas de petróleo e o tráfico da droga são motivos de turbulência no país onde o tribalismo continua, a tropa é quem mais ordena e a criação de um Estado de direito não passa de utopia.

Turquia – A chantagem do PR Erdogan sobre a Europa, enviando os refugiados que lhe rendem pingues milhões de euros, foi um ato de desespero de quem perdeu aliados na política expansionista, na crueldade contra os curdos e na re-islamização do seu país.

PR – A queda para os beijos, quando a D. G. S. advertia para os perigos de contágio, foi um péssimo exemplo. Imitou um ex-ministro da Agricultura a comer mioleira quando o eurodeputado António Campos combatia o perigo da doença das vacas loucas.

Síria – A tragédia agrava-se, com o Irão e a Arábia Saudita a competirem na hegemonia regional, o sunismo e o xiismo a digladiarem-se e a Turquia e a Rússia a interferirem no horror que produz incontáveis mortos e milhões de refugiados.

BPN – Oliveira e Costa, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva e fundador do grupo SLN/BPN, faleceu. Condenado, em 2017, a 14 anos de prisão por crimes de falsificação, fraude fiscal qualificada, burla qualificada e branqueamento de capitais deixou uma pesada herança aos portugueses sem cumprir a pena.

Aeroporto – É tão consensual a necessidade de novo aeroporto como controversa a sua localização. Num país onde, para cada decisão, há centenas de especialistas a contrariá-la, cada adiamento é a vitória de uns e a derrota de todos.

Rússia – O partido de Putin avançou com uma proposta constitucional que aprova a sua eternização no poder. No inverno democrático que se avizinha no mundo, é mais um ditador que se perpetua no poder. Até 2036, se a longevidade o ajudar.

Brasil – O irresponsável PR, Jair Bolsonaro, durante um discurso para a comunidade brasileira em Miami, nos EUA, afirmou que o novo coronavírus é uma pequena crise criada por uma fantasia divulgada pelos média no mundo. E ainda hoje insiste.

Coronavírus – Desta vez não foi uma crise do capitalismo a causar o pânico no sistema financeiro e a destruir a economia à escala global, foi um vírus a aterrorizar o mundo, a paralisar a economia e a lançar o capitalismo no caos e os pobres na miséria.

COVID- 19_2 – A maior ameaça das nossas vidas e a mais trágica não veio da guerra e das ogivas nucleares, veio silenciosa e letal através de um vírus de brutal poder destruidor, de países, instituições, liberdade e civilização. 

Estado de emergência – A quase unanimidade com que se aceitou a medida de exceção refletiu o medo generalizado e a facilidade com que se troca a liberdade pela segurança. Seria inevitável e urgente, mas viu-se a facilidade com que se prescinde da liberdade.

OVAR – Horas antes de o Governo ter anunciado o estado de calamidade no município, o leviano edil, Salvador Malheiro, avisou no Facebook a decisão, o que permitiu a fuga de muitos cidadãos. Foi um gravíssimo risco para a saúde pública e um atentado à ética.

Espanha – A monarquia, nunca sufragada, foi uma herança do genocida Franco a Juan Carlos, que a Falange educou. Corrupção, contas secretas e amores clandestinos estão a destruir-lhe a honra e o regime. É curto o horizonte da monarquia.

Portugal – A devastação nas empresas, nos empregos, obtenção de bens essenciais e finanças impede o regresso ao nível de bem-estar anterior à COVID-19. António Costa garante apenas a democracia, o que não é pouco, nestes tempos de exceção.

PSD – O apoio de Rui Rio ao Governo, nas medidas de combate à pandemia, revela o sentido de Estado do líder que, acima dos seus interesses, põe os do País, ao contrário do antecessor com o PEC IV, o que levou à dolorosa intervenção da Troica.

DGS – Graça Freitas, Autoridade de Saúde Nacional, revelou-se a voz serena e firme de que o País carecia nesta conjuntura. Há, na sua aparente fragilidade, a determinação e a força de que precisa quem está diariamente sob escrutínio numa situação dramática.

Acordo de Schengen – É irónico que no 25.º ano da convenção entre países europeus sobre a política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre países, um ato de grande alcance, seja anulado por um vírus que os obriga a encerrar fronteiras.

Moçambique –A terrorismo jihadista é habitual no Norte do País. Às catástrofes, fome e fraqueza administrativa junta-se o islamismo radical no proselitismo que ataca e mata em nome de Alá, ampliando a insegurança e o caos.

Finanças – A vitória do ministro Centeno, em 2019, é amarga. Portugal registou no ano passado o primeiro excedente orçamental desde 1973. O saldo de 0,2% do PIB superou as previsões, e a COVID 19 comprometeu por tempo indeterminado a boa gestão.

BCE – O Banco Central Europeu comprará toda a dívida emitida pelos países da Zona Euro e não fixará limites na dívida emitida por cada país. Ao adotar o instrumento mais forte, desenhado pelo ex-presidente, Mario Draghi, Lagarde ajuda a coesão da ZE.

PM – A reação de António Costa perante o ministro das Finanças da Holanda, na defesa da Espanha e Itália, aliás, da União Europeia, não foi apenas um ato de coragem, foi a atitude de um político de valores, oportuno e humanista.

Informação – A falta dos assuntos que costumavam preencher o espaço, desorientou as redações, que ficaram sem estratégia, e acabaram por se tornar uma fonte de agitação na disseminação do medo e no contributo para a depressão nacional.

EUA – A cegueira estúpida de Trump, a negar a relevância da pandemia da COVID-19, como vem fazendo em relação ao aquecimento global, permite que a China surja como virtuosa e se veja como o neoliberalismo degradou os padrões éticos da civilização.

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