Portugal e a silly season

Portugal não precisa de silly season porque são loucas as quatro estações e tem quem as alimente na sua insânia, má fé ou proselitismo.

Tem Marques Mendes todas as semanas, como Pitonisa de Belém ou bruxo de Fafe, que fala com o PR a meio da noite e, a horas acessíveis, com devotos que esperam as suas profecias para alinharem a opinião.

Tem António Barreto, a escrever nos jornais e a aparecer com o rótulo de esquerda, que não desmente, para ser a voz da direita mais tesa e a vuvuzela de serviço ao patronato.
Tem o ora Dr. Marta Soares, especialista em fogos postos e espontâneos, a aumentar a temperatura estival.

Tem o führer de um partido racista que, proibindo a CRP manifestações racistas, cria desfiles antirracistas para negar que seja racismo o assassinato de um ator negro por quem lhe dizia, “Preto, vai para a tua terra”, “volta para a sanzala” e, entrou na cadeia a dizer que “Em Angola, matei vários como este”, com a satisfação do dever cumprido.

Tem o PR a comentar todos os assuntos em todos os noticiários e a deixar o que deseja, para Marques Mendes.

Tem Rui Rio, que desejava regenerar o PSD, a chegar-se ao Chega se o Chega se chegar um poucochinho da democracia.

Mas a estação louca foi luminosamente antecipada por Francisco Assis, não o santo, o do PS, que, depois de eleito presidente do Conselho Económico e Social, descobriu em Passos Coelho “um político interessante que merece ser valorizado”.

Continua com nostálgicos do defunto Salazar a rezarem pela sua ressurreição, em ato de superstição, com enorme acidez provocada pelo regime democrático.

E não falta quem, dependurada das orelhas, use uma máscara ao pescoço como amuleto contra a covid-19.

Como diz um amigo meu, Portugal é um país lindo.

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