Vida depois da morte

Perante a irremediável morte, religiões que afirmam haver um julgamento divino além-túmulo onde serão analisadas as escolhas dos fiéis, mais os actos que protagonizaram em vida. De acordo com tal julgamento, as alminhas dos defuntos sofreo suplícios infernais se os seus pecados passarem das marcas, ou gozao infinitamente as delícias celestiais, se houverem tido uma vida de santo (não se percebendo como é que a alma sofre ou goza abundantemente, se não tem sistema nervoso!…). 

Para os muçulmanos ainda se reserva (ao que consta nos corredores da vida) um punhado de virgens lindas de morrer para aqueles que se fizerem explodir num mercado cheio de gente. Não consta que as mulheres-mártires que escolham o mesmo fim para “honrarem” o Islão, encontrem no além uns rapazinhos viçosos para bacanal celeste! O prémio sexual pós-morten é reservado aos machos, o que sublinha a atitude machista e quase pornográfica dos árabes que vêem a mulher, apenas, como objecto sexual. (São só os árabes?!…). 

As descrições religiosas que aliam o inferno ao fogo e o céu a um jardim, são – segundo os mais esclarecidos – imagens metafóricas. Serão “similitudes”, e não passam desse estatuto, pois a “verdadeira natureza do paraíso e do inferno é conhecida apenas por Deus” (dizem!…). E os tais fiéis “mais esclarecidos” só “sabem” que é assim, porque foram eles próprios que inventaram “os desígnios de Deus”, o seu conceito e o seu “conhecimento”!… 

De qualquer modo, todas as religiões que defendem a existência de uma vida além-túmulo aceitam por verdadeira a premissa de a morte não ser o fim da vida, mas sim um portal que dá entrada numa outra forma de viver… e com a crueldade de ser eterna! E quem acredita nisto não faz a mínima ideia de como seja tal coisa nem como se processa essa forma de vida etérea. Para o crente basta-lhe crer; por isso é crente!… E crê que a vida além-túmulo é “conhecida por Deus”. Isso basta-lhe para afirmar a sua veracidade! Esta crença é o exemplo perfeito da dispensa do raciocínio que caracteriza os bons crentes. 

Pelo exposto se conclui que se todos nós fossemos exemplos religiosos e cumpríssemos as leis de Deus em qualquer das suas versões, por intermédio de Jeová, de Jesus ou de Maomé, as esquadras de polícia e os tribunais fechavam as portas por falência, pois não havendo prevaricadores, os seus serviços não se justificariam e eram dispensados… o que se traduziria em poupança milionária no Orçamento Geral do Estado… embora pudesse haver, nas elites religiosas, uma corja de exploradores e opressores das bases, eternamente impunes. 

Não tenho dúvida alguma de que muitos religiosos são animados de uma bondosa intenção quando prognosticam um mundo de perfeição baseado em conceitos deíficos. O problema está em que nunca actuamos de acordo com tão perfeito regulamento (nem os propagandistas religiosos o fazem!) para conseguirmos atingir uma sociedade tão imaculada. E não o fazemos, simplesmente, porque tais premissas religiosas fundamentam-se em mitos, lendas e fantasias inconcretizáveis; e as sociedades são construídas com realidades políticas, sociais e económicas. A diferença é só essa… e é do tamanho do mundo.

Onofre Varela

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