O Almirante e o ministro… do culto
Ignoro hoje as competências que cabem a cada escalão hierárquico das Forças Armadas, mas sou do tempo, de ingrata memória, em que todas as hierarquias sabiam que poderes lhes competiam.
Há dias, um Almirante cuja elevada competência se revelou na
campanha das vacinas e que a opinião pública incensou, quiçá desejoso de abandonar
os submarinos para voar na política, resolveu demitir pelas televisões um padre
católico, capelão dos fuzileiros, que o contestou.
O escândalo, para mim, que sou ateu, é a existência de capelães
militares católicos nas Forças Armadas de um país laico, quando qualquer
militar pode sacramentar-se com igual eficácia nas igrejas civis ou ao
domicílio, mas admito que a eficácia dos exércitos depende do rigoroso respeito
hierárquico.
O mediático almirante não gostou de ser desautorizado por um
oficial subalterno que se limita a disparar hóstias e água benta, a fazer
sinais cabalísticos e a ajoelhar-se. Está no seu direito.
Perante a demissão do ministro do culto católico, seguida da
readmissão, fica a dúvida sobre a legitimidade da primeira decisão ou a
cobardia da segunda, enquanto os devotos do herói fabricado pela comunicação
social se indignam com a minha legítima dúvida.
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