Marcelo Rebelo de Sousa e o PR
Marcelo é um estorvo para o PR. Hipercinético, carente de afetos, de fotos e de notícias, banaliza o cargo, deprecia as funções e perturba as instituições democráticas.
Quem sente a volúpia de um lugar na História e procura a
porta grande para entrar nela, sem ponderar as atitudes, arrisca-se a sair pela
janela, sem público a aplaudi-lo.
É penoso para quem se habituou a abrir os telejornais com
comentários sobre política, futebol, teatro, literatura, Orçamento, Forças
Armadas, judo, futebol de salão e todas as notícias nacionais e estrangeiras,
com respostas para todos os assuntos, ver-se preterido pelo PR de um país
beligerante na guerra que dilacera a Europa.
Marcelo tem sempre várias respostas para cada pergunta e, se
não servirem, tem outras. O que precisa é de câmaras, microfones e público,
certo da empatia com as câmaras e os órgãos de reverência que lhe transformam
lugares comuns em pensamentos profundos.
O maior problema é a perturbação que causa a quem governa em
situações adversas e imprevisíveis, quando congemina jogadas para devolver o
poder à direita, de onde vem, e onde esteve sempre, sem ponderar o mal que faz
ao órgão uninominal que representa.
Podia deixar a Lobo Xavier e Marques Mendes, conselheiros de
Estado que lhe devem o lugar, o exclusivo da propaganda de que o PR se deve
abster, e não lho consente o feitio e o hábito de eterno comentador de que,
qual droga, não consegue fazer o desmame.
A obsessão pelo palco e pela influência política que a
Constituição lhe nega, leva-o ao exagero de representar papéis que cabem a
entidades tão diversas como o Governo, as direções gerais, os embaixadores, os
deputados ou os treinadores de futebol e a fazer promessas que não está em
condições de cumprir.
Começa a ser suspeita a sua promoção de Carlos Moedas,
outrora protegido de Passos Coelho e agora homem de mão de Belém para o PSD, ou
do almirante que guarda para a hipótese de faltarem figuras do PSD para a
geometria partidária que quer ver alterada.
O frenesim de Marcelo prejudica a postura que o PR deve observar,
e é justo dizer que é ele, contrariando as funções de PR, o atual líder da
oposição ao Governo. A ameaça ao País, na tomada de posse do novo Governo, de que
dissolveria a AR se o PM viesse a ocupar funções internacionais durante a
legislatura, foi uma prepotência que não teve em vista os eventuais interesses
do País nem o direito do PS a mudar de líder, na mera afirmação de um poder que
lhe fugiu por precipitação das eleições intercalares.
Nenhum jornalista lhe perguntou se não renunciaria ao cargo se
precipitasse o país em situação ingovernável cumprindo tão leviana ameaça, fora
do tempo, do lugar e em imprevisíveis circunstâncias, se acaso o PS voltasse a
ser o partido mais votado e sem possibilidade de constituir Governo.
Cabe aos portugueses ajudarem Marcelo a cumprir com dignidade o resto do mandato.
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