As eleições em França
A eleição do/a PR em França assume enorme importância. O regime semipresidencial, onde o PR tem competências próprias, nomeadamente a responsabilidade exclusiva da política externa, faz do/a eleito/a responsável pela arquitetura da União Europeia.
Hoje, em França, esteve em jogo o futuro da UE. Sem a França
ou a Alemanha, sem um destes países, este espaço em que me revejo,
desintegrar-se-ia. Seria trágico, quando se torna urgente o seu aprofundamento,
que os nacionalismos voltassem e as fronteiras de cada país ficassem de novo em
risco.
Espanha, Itália e Bélgica podiam ser os primeiros países a
desintegrar-se e, com eles, a arquitetura europeia e a força necessária para
exigir aos estados que a compõem respeito pelos direitos humanos e pelas regras
democráticas.
Hoje, em França, a Espada de Dâmocles, posta à prova pelo
voto, esteve suspensa sobre a cabeça das democracias.
Há um alívio nos resultados. A maioria votou na democracia,
mas é perturbador que a escolha se tivesse reduzido à direita e à extrema-direita.
Era como se em Portugal, para sermos governados, tivéssemos de escolher entre o
líder do PSD e o do partido fascista. E que brutal foi a percentagem de votos
contra a democracia! Mais de 40% segundo as sondagens â boca das urnas.
O alívio que ora sinto é a preocupação que me atormentará no
futuro. As democracias estão em risco e o êxito económico de algumas ditaduras
podem conduzir o Planeta a uma nova vaga de regimes autoritários.
É tempo de reflexão para os que se tornam indiferentes a
opções que não sejam as suas, capazes de se absterem ou de se vingarem, e votarem
em quem, quanto pior for, melhor, com a esperança de futuros radiosos.
Com um nó na garganta,
Viva Macron!
E de pé,
Viva a França!
Comentários
Agora, não é da sua responsabilidade (ou da de Le Pen) que tenha sido ela a defrontá-lo na segunda volta. Tivesse a Esquerda encontrado um candidato comum e teria sido ele ou ela a bater-se contra Macron (e dar à Extrema-Direita um golpe porventura fatal). Mas a Esquerda Francesa continua dividida pelos princípios e isso já desde o desastre de 2002.
Eu até costumava dizer que o chavão de que é a mais estúpida do mundo é verdadeiro, mas depois ouvi a posição do PCP sobre a invasão russa (ou intervenção militar, como eles lhe chamam) da Ucrânia...
Mas sim,viva a França das Luzes, dos Girondinos e dos Direitos do Homem, não a França paroquial, de Joseph de Maistre, dos anti-Dreyfusards e de Pétain...