25 de Abril – Há 48 anos, o dia de amanhã foi o dia esperado durante 48 anos
O dia de amanhã é dia mais belo de todos os dias das nossas vidas
Há quem, antes, não tivesse precisado de partido, quem não sentisse a falta da liberdade, quem se desse bem a andar de joelhos e a viver de rastos.
Houve cúmplices da ditadura, bufos e torturadores, quem sentisse medo, quem estivesse desesperado, quem visse morrer na guerra os filhos e nas prisões os irmãos, e se calasse. Houve quem resistisse e gritasse. E quem foi calado a tiro, no exílio ou nas prisões.
Uns pagaram com a liberdade e a vida a revolta que sentiram, outros governaram a vida com a vergonha que calaram.
Houve quem visse apodrecer o regime e quisesse a glória de exibir o cadáver e a glória da libertação. Viram-se frustrados por um punhado de capitães sem medo, por uma plêiade de heróis que arriscaram tudo para que todos pudéssemos agarrar o futuro.
Passada a euforia da vitória, ninguém lhes perdoou. Os heróis da mais bela revolução da História e agentes da maior transformação que Portugal viveu foram proscritos e humilhados por quem lhes devia o poder.
Uns ignoraram os cravos que lhes abriram a gamela onde refocilaram, outros ilibaram os crápulas que nos oprimiram, outros, ainda, sem memória nem dignidade, afrontaram o dia 25 de Abril com afloramentos fascistas e lúgubres evocações do tirano deposto.
Perante os ingratos e medíocres deixo aqui a TODOS os capitães de Abril o meu eterno obrigado.
Não quero saber o que fizeram depois, basta-me o que nesse dia fizeram.
Obrigado a todos. Aos que partiram e aos que ainda vivem. Por cada afronta que vos fazem é mais um pedaço de náusea que provocam.
Apostila – A foto que publico é digna do dia de hoje, 24 de abril, imagem de ingratidão e indignidade de quem exonerou o cravo da lapela. Pela primeira vez, os capitães foram os ausentes da AR no dia 25, um gesto de grande dignidade carregado de simbolismo.
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