Notas soltas – agosto/2016
Moniz Pereira – O
grande artífice do atletismo português não foi só o criador de atletas de alta
competição, de mérito inexcedível, foi atleta multifacetado, professor notável
e destacado homem de cultura e das artes. Morreu aos 95 anos esta personalidade
ímpar.
Brexit – O apoio
dos governos da Polónia e Hungria ao oportunismo de Cameron, com que cessou o
prazo de validade, devia fazer refletir a UE. Urge recordar Michel Rocard, adversário
da guerra da Argélia e federalista, nos antípodas do liberalismo do PPE.
UE – O medo e a
animosidade ao aprofundamento da integração europeia escancararam as portas à
economia global, que se prepara para nos asfixiar, e aos populistas europeus,
que usam a demagogia e provocam o pânico para condicionarem o eleitorado.
Texas – Entrou em
vigor, aprovada pelo Governador e a maioria republicana, a lei que democratiza
o uso de armas nas universidades. Os alunos podem usá-las nos campus, salas de aulas e dormitórios. É
o nono Estado americano a conceder tal direito.
Filipinas – O
novo presidente, Rodrigo Duterte, tomou posse em 30 de junho e apelou à
execução popular de narcotraficantes e consumidores, tendo sido mortos 600
suspeitos no primeiro mês, e a sua taxa de popularidade disparou para mais de
90%.
Incêndios – A
incúria, o fim da agricultura tradicional, o desordenamento do território, os
negócios obscuros, incluindo o dos incêndios, e mãos criminosas, tudo se
conjuga na monótona repetição de um país a arder em cada novo estio.
Maria Luís
Albuquerque – Quem deixou a CGD, o Banif e o Novo Banco em estado calamitoso,
por pudor, devia calar as suas opiniões. A contratação por um fundo-abutre não certifica
a sua competência, apenas troca informações por um salário.
Slobodan Milošević
– O presidente da Sérvia, após bombardeamentos cruéis da Nato e amputação do
Kosovo, foi preso e morreu difamado numa masmorra do TPI. Dez anos depois, o
TPI declara inocente o patriota que quis evitar ódios étnicos. A sua inocência foi
totalmente ignorada pela comunicação social que, antes, o acusou e condenou.
Timor – O Conselho
de Ministros, liderado pelo primeiro-ministro Rui Maria Araújo, aprovou a
doação de dois milhões de euros para ajudar no combate aos fogos e no apoio às
vítimas portuguesas. É comovente ver os pobres a dar. Os ricos tiram.
Jogos Olímpicos –
Com a democracia usurpada por juízes, segurança precária e futuro incerto, o
Brasil conseguiu levar a cabo a realização dos Jogos de 2016. Portugal é que
não conseguiu uma participação que fugisse à mediocridade e desilusão.
Turquia – A tentativa
de golpe militar permitiu a Erdogan decapitar a magistratura, as Forças
Armadas, a função pública e tudo o que se lhe opunha. Lembra algo de parecido
com o “Incêndio do Reichstag”, em fevereiro de 1933, que levou Hitler ao poder.
PR – As constantes
aparições na comunicação social e declarações sobre temas que não são da sua
competência vão prejudicá-lo a prazo, mas o seu sentido de Estado tem sido visível
na defesa dos interesses de Portugal e na estabilidade das instituições.
Islamismo – O burkíni
cobre todo o corpo da mulher e está a ser interdito nas praias e piscinas
públicas francesas. O espanto pela proibição de tão pudico adereço não previa que
fosse um símbolo do extremismo Wahhabista a desafiar a democracia.
Alemanha – O
ministério do Interior acusa a Turquia de ajudar os Irmãos Muçulmanos do Egito,
Hamas e grupos islamitas armados, na Síria. A difusão do documento secreto, pela
televisão pública, criou um incidente diplomático, mas desmascarou Erdogan.
CDS – A
proximidade com o MPLA, afirmada pelo deputado Daniel Amaral, reforçada pela
presença de Paulo Portas, no congresso de Luanda, surpreendeu quem sabia o CDS cúmplice
da UNITA, partido racista e tribal. Quanto terá custado a transferência?
Aquecimento global
– 2015 foi o ano mais quente desde que há registos [1880]. Em 2012 a NASA
anunciou um degelo na Gronelândia sem precedentes nos últimos 150 anos. O nível
do mar sobe. E ainda há quem despreze a sobrevivência do Planeta.
Nigéria – A negritude
e o facto de ser em África explicam a escassa atenção à crueldade do grupo muçulmano
Boko Haram, que rapta, assassina e reduz à fome o Nordeste da Nigeria, onde 4,5
milhões de pessoas estão em risco de morrer. É uma tragédia fatal.
CGD – Por maiores
erros que venham a ser cometidos, não se comparam à incúria com que o único
banco do Estado foi tratado pelo Governo anterior, desejoso de o privatizar. A
manutenção na esfera pública e a recapitalização eram um imperativo patriótico.
Colômbia – “Um Acordo
Final, integral e definitivo” entre o Governo e as FARC sobre o fim da guerra
civil, que em 52 anos provocou 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9
milhões de deslocados, é uma notícia auspiciosa. Falta resolver a ‘questão
agrária’.
Papéis do Panamá
– Depois do ruidoso anúncio da colossal informação sobre fugas ao fisco e do
atual silêncio sepulcral sobre o espólio, é altura de perguntar quem está a ser
protegido e se o material está confiscado pelo Expresso e TVI.
II Guerra Mundial
– Foram conhecidos este mês mais documentos que comprovam a cumplicidade de
Salazar com Hitler. Em Aljezur, os ingleses abateram, em 9-7-1943, o avião
nazi, com 7 tripulantes, que pretendia atacar um comboio de navios ingleses.
Pedro Passos Coelho
– Mentiu, ao dizer que o País é dirigido pelo PCP e BE, e, ao usar a linguagem salazarista
contra os comunistas, revelou uma débil formação democrática, e acordou medos que
quatro décadas de democracia tinham adormecido.
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