Feliz ano de 2023

Hoje é dia de ser feliz, de engolir as doze passas com um gole de champanhe e implorar uns tantos desejos a uma qualquer divindade, quando a longitude e a hora legal decidem que o ano finda e outro começa.

Por entre beijos húmidos e abraços vigorosos, sonhos inúteis e risos programados, lá se esquecem as desgraças do ano que morre e fantasiam as alegrias do que nasce. É o júbilo planeado pelo calendário, a liturgia da festa que se extingue na alvorada do novo dia e na ansiedade de mais um ano imprevisível.

Hoje é dia de desejar a paz e o amor, enquanto a xenofobia, o racismo, a homofobia e a misoginia, sem darem tréguas, param apenas por alguns segundos da hora que segue os fusos horários, de oriente para ocidente, até mergulhar no ocaso do dia que a República Portuguesa de 1910 fez feriado, sob o nome de Dia da Fraternidade Universal.

Pudera todo o ano, em todo o Globo, merecer o epíteto que os republicanos portugueses deram ao dia, nos trezentos e sessenta e cinco dias que hão de vir! Todos sabemos que o brilho do fogo de artifício não apaga as negruras que a guerra semeia, a aflição da fome que grassa no mundo, a dor das mortes que acontecem e os gritos de revolta que sufocam.

Mas, se não há tréguas para as tragédias que pairam sobre a Humanidade, haja saúde e paz nos momentos que esperámos durante o ano. Na passagem, esqueçam estas palavras e não pensem. Sonhem, delirem e amem. 

Para amar, todos os dias são bons.


Comentários

méri disse…
Muito obrigada por mais um texto tão bem pensado/escrito, como sempre. Aqui e ou no facebook não deixo de o ler. Obrigada pela companhia. Um ano melhor, se possível, sem grande entusiasmo depois deste medonho 2022!Tenhamos alguma esperança se não em nós na Humanidade. Bem haja.
Méri Almeida

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