Crónica do quotidiano – O governo e a política
A azia provocada pela maioria absoluta do PS está a dar lugar a um festival de festejos e desforras. Não pode a direita, cada vez mais à direita, queixar-se da asfixia democrática que as maiorias absolutas do cavaquismo impuseram ao País, mas deve o PM refletir na inépcia de algumas nomeações, nas indecisões em que se enredou e na imprudência com que permite a Marcelo liderar a oposição.
Não se pode perder ministros como Marta Temido ou Pedro Nuno Santos sem enfraquecer o Governo, a primeira com os bastonários da
saúde e os hospitais privados a dispararem contra o SNS, e o segundo, o alvo predileto
da direita, com um programa viário que o lóbi rodoviário odeia, e fere poderosos
interesses privados. Ministros desta envergadura e incorruptibilidade fazem
falta ao Governo e ao País.
O PS ganhou as eleições, não ganhou o poder, e devia estar mais
atento a quem o detém e aos meios de que dispõe. Marcelo, com a maioria
absoluta do PS, perdeu as eleições, e manteve o poder mediático e a habilidade de
parecer que manda. Não é como Cavaco, o azedo difamador dos adversários, é um
sibilino intriguista que desgasta o Governo até dispor dos seus preferidos,
Durão Barroso e Carlos Moedas. Cada promulgação de um decreto parece uma dádiva
do PR e cada veto uma vitória.
Os que hoje unanimemente vaticinam o fim prematuro do Governo,
enquanto preparam o xeque-mate ao PM, esquecem-se apenas que a o anúncio da sua
morte é exagerado. A oposição de direita exulta, está determinada a não deixar
governar, e não está preparada para ser poder.
A degradação do PSD, a que Cavaco, Miguel Relvas, Marco
António e Passos Coelho o conduziram, é responsável pelos candidatos a líderes
que vieram, sendo Rui Rio o único que o podia ter conduzido à matriz fundadora,
logo combatido por Marcelo e pela tralha cavaquista.
A Oposição de direita, a única que tem espaço eleitoral,
está refém da mediocridade que a atingiu e refém de Belém, e o PM sabe que deve
conter-se perante intrigas do PR, que não lhe perdoa a irrelevância a que o
condenou a maioria absoluta.
Se António Costa conseguir resistir à pandemia, à guerra na
Ucrânia, à inflação e ao PR, terá um lugar cimeiro na História, para além das
vitórias dos dois primeiros Governos, contra comentadores alinhados, fazedores
de opinião avençados e outros oportunistas.
O povo é sereno!
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