Mário Soares – 98.º aniversário

Afastado da televisão, saturado das doses indigestas dos noticiários do futebol, procuro notícias fora dos meios audiovisuais, sem bola e sem Marcelo.

J-m Nobre Correia, Professor emérito de Informação e Comunicação da Universidade Livre de Bruxelas, chama oportunamente, com o conhecimento de ilustre académico, a atenção para Justiça desigual segundo o estatuto social das partes em presença, Justiça a que não é alheio o próprio direito internacional, e dá como exemplos os casos de Juan Carlos Borbón na Grã-Bretanha e o de Mohammad bin Salman nos Estado Unidos…

O ex-rei de Espanha, pela via uterina e pela Graça de Franco, que na coroação substituiu o ditador por Deus, viu agora reconhecida no RU a im(p)unidade até à abdicação. Senti náuseas.

Naturalmente, lembrei-me de Mário Soares, republicano, laico e democrata, que faria 98 anos, e recordei a sua posição na invasão do Iraque e o artigo da Visão sobre a Nato.

Deu-me particular satisfação a coincidência do centenário do seu nascimento com o 50.º aniversário do 25 de Abril, com a Direita ainda provavelmente fora do poder Executivo, em 2024.

Recordei a dimensão intelectual, política e cívica de quem moldou de forma indelével esta segunda República que os militares de Abril nos legaram. Nunca outrem percebeu melhor, nos seus defeitos e virtudes, a forma de ser português e de condicionar o devir histórico.

Homem de coragem, física e intelectual, teve, em vários momentos históricos, umas vezes, a animosidade e outras, o afeto, de todos os portugueses.

Sendo o maior português da segunda República, é uma das raras personalidades que não deixou ninguém indiferente, que continua a suscitar sentimentos antagónicos, e a quem Portugal deve a longa vida de luta pela liberdade.

Obrigado, Mário Soares.


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