Arriba Franco, más alto que Carrero Blanco! – 20-12-1973

Foi há 49 anos. Luis Carrero Blanco, era presidente do Governo espanhol, cúmplice do maior genocida ibérico de sempre, Francisco Franco, e seu previsível sucessor.

À saída da missa, bem rezado, comungado e incensado, graças a 100 quilos de Goma-2, colocados no túnel dedicadamente construído pela ETA, o carro blindado que o esperou foi projetado a uma altura de cinco andares, deixando-o mais perto do Céu.

Na queda, o carro caiu no pátio do convento contíguo à igreja que frequentava. Nunca foi tão santa e desejada a morte de um carrasco, jamais um almirante voara tão alto. E o júbilo ressoou dos dois lados da fronteira ibérica, “Arriba Franco más alto que Carrero Blanco!”, frase que logo nasceu para ser escrita nas paredes e sussurrada por antifascistas.

Já em democracia, muitos anos depois, ainda os juízes espanhóis, oriundos de madraças da Falange, puniam quem fizesse humor com a morte de Franco ou de Carrero Blanco, facínoras que deixaram um rasto de sangue e ódio.

Para se perceber o júbilo pela morte de tão hediondo e pio governante, o único que não esperou para ser chamado pela Providência, é preciso recordar a guerra civil espanhola (1936/39) tempo de horrores, dos dois lados da barricada. Mas foi um golpe de Estado que derrubou o governo eleito, e o general cuja sedição foi designada ‘cruzada’, pelo papa de turno, iniciou a feroz ditadura fascista que Hitler, Mussolini e Salazar apoiaram.

Não bastou a carnificina da guerra. Os fuzilamentos prosseguiram, durante vários anos, nas praças de touros e nas ruas onde os falangistas abatiam republicanos suspeitos. Os próprios Tribunais, às ordens do ditador, condenavam à morte e mandavam garrotar.

Em Madrid, o delinquente Francisco Franco, que servira às ordens do general mutilado, Millán Astray, autor do grito ‘Viva la muerte!’, continuou a matar adversários através de milícias fascistas que os esperavam. O seu diretor espiritual, Escrivà de Balager, que fundou o Opus Dei, estagiou nessa função para a futura canonização.

Os crimes contra a Humanidade não prescrevem, mas em Espanha, com a cumplicidade do PP de Aznar, a amnistia permitiu que não fossem julgados e, só agora, começaram as investigações das valas comuns para onde foram atirados os republicanos assassinados.

Não venham os moralistas do costume a azucrinar os que então se regozijaram e quem se sentiu sempre solidário com as vítimas, contra os algozes.

Viva España! 


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