Quem põe ordem nas Ordens?
Há 3 anos, no dia de hoje, escrevi o texto que, se a vida o permitir, nos anos que houver, repetirei enquanto a Bastonária dos Enfermeiros se mantiver, porque a Justiça é igual para todos, mas só alguns são punidos.
Aproveito para lembrar o alarido da ida à final da seleção
nacional de futebol a Sevilha, a convite da Galp, que levou à constituição de
arguidos, entre outros, três Secretários de Estado do PS, que pediram a demissão.
Um já morreu sem conhecer a decisão judicial. Poucos saberão se o processo foi
arquivado ou se os vivos ainda aguardam julgamento.
Sei que Luís Montenegro e Hugo Soares estavam na mesma
situação. Os do PS viram as suas carreiras políticas terminadas e imagino o que
aconteceria de fossem do PCP ou do BE. Basta ver como foi perseguida a deputada
Mariana Mortágua por receber de uma TV a retribuição pecuniária habitual como comentadora,
sendo deputada em dedicação exclusiva.
Luís Montenegro prepara-se para ser PM e só não o será
porque o PR passa o Natal com o seu protegido Carlos Moedas, e é a quem dá
boleia para ir ver as cheias em Lisboa. A bom entendedor, meia palavra basta,
enquanto Marcelo se junta aos Bastonários da Saúde e promete visitar as Urgências
dos Hospitais para demolir o Governo.
«Ana Rita Cavaco e a Ordem dos Enfermeiros
A sindicância ordenada pela ministra da Saúde, no uso das
suas competências, concluiu que havia motivos para dissolver os órgãos da Ordem
dos Enfermeiros.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) detetou gastos
injustificados da bastonária e evidências da sua participação na “greve
cirúrgica”, que esses profissionais realizaram no final de 2018 e início deste
ano e paralisou blocos operatórios em todo o país.
Independentemente da afirmação da militante do PSD,
tratar-se-ia de uma vingança do Governo, interessam os factos. Quanto a esses,
registei na altura que «entre os gastos, a IGAS refere seis mil euros em
restaurantes, mais de três mil euros em levantamentos, cerca de cinco mil em
compras no estrangeiro, quase oito mil em Via Verde e 70 mil em cartão de
crédito, além de deslocações em viatura própria que rondavam em média 2.600
euros por mês, o que, segundo as contas da SIC, implicaria viagens de 400
quilómetros diários pagos a 36 cêntimos/quilómetro.»
A enfermeira Ana Rita Cavaco, confrontada pela SIC com as
acusações, disse então que “Também não é nada de que não estávamos à espera”
[sic], português que não faz jus à carreira académica.
Se são falsas as acusações, os inspetores do IGAS devem
desmenti-las publicamente e ser alvo de um processo disciplinar, por
incompetência e difamação. Sendo verdadeiras, é inaceitável a impunidade da
bastonária.
A confusão entre funções das Ordens e as dos sindicatos
levou a IGAS a referir as suas mensagens em redes sociais que demonstram o seu
envolvimento em atividade sindical, legalmente proibida a uma ordem
profissional.
A arrogância e confiança na impunidade levou a bastonária a
negar ao IGAS o acesso a documentos e a ameaçar que continuaria a “apoiar as
greves que os sindicatos decretarem, desde que sejam para defender a dignidade
da profissão de enfermeiro”.
Como se vê, a sindicalista desconhece a função das ordens
profissionais, cada vez mais corporativas, e em vias de incluírem todas as
profissões com diploma de curso superior.
De facto, a impunidade é uma constante. Já lá vão quase 5
meses desde as acusações, e a acusada voltou a candidatar-se e foi reeleita.»
Apostila – O chumbo do OE-2022, que a imaginação eleitoral
atribuiu ao único partido que votou a favor, fez cair uma série de diplomas,
alguns sem remissão ou adiados para as calendas, com a dissolução que o PR
impôs à Assembleia da República.
Se a memória me não trai, já estava aprovada legislação para
levar alguma ordem às Ordens, entidades corporativas que, à semelhança das
IPSSs, Fundações, Misericórdias e outras beneméritas instituições se encontram
em autogestão.
Não encontro uma única referência às consequências da
sindicância à Ordem referida no texto. Parece que o silêncio é o mesmo que
rodeia o ex-ministro Arlindo de Carvalho, que em 2018 foi julgado e
condenado a 6 anos de prisão efetiva.
Não encontro qualquer referência à privação da liberdade do referido gestor e político.
Comentários
Mas, segundo parece, foi um amigo muito próximo que lhe ofereceu a viagem e os bilhetes da final. Questionado sobre esse amigo, soube-se que trabalha na Galp e tudo foi pago pela Galp!
A Justiça lusa assenta em critérios que nos deixa embasbacados.
Desse não me lembrava e, muito menos, sabia pormenores.
Obrigado.