O presidente da Câmara de Coimbra e a demagogia

Quis o eleitorado fazer de um prestigiado médico e sofrível cidadão o medíocre autarca que usa o Diário de Coimbra e o populismo para adquirir a notoriedade que as ambições políticas exigem, e esconder as malfeitorias de que é capaz.

Coimbra tinha a Universidade, a Câmara, o património, a História, e o rio cujas margens são um deslumbramento para quem gosta de passear ao ar livre. Agora é a Universidade que tem a Câmara, e o Diário de Coimbra exibe o novo edil em entrevistas, ameaças ao Governo, afirmações inócuas, exigências inconsequentes e fotos de todos os tamanhos.

O edil concorreu pelo PSD, contra quem tinha concorrido nas anteriores eleições, e está a tentar cumprir “a via rápida para o progresso”, que prometeu aos eleitores depois de Rui Rio o ter convidado antes de ele próprio se perder nas eleições legislativas.

A primeira medida que retive da sua criatividade foi a alteração do nome da Capela do Convento de S. Francisco para Capela D. Afonso Henriques, benefício só superado pelo edil Carlos Encarnação quando trocou as placas toponímicas da Ponte Europa pelas da Rainha Santa.

Enquanto não chegam as inaugurações de vastas transformações de fundo da cidade, em vias de finalização ou já concluídas, promove-se através do marketing que a demagogia e as afirmações contundentes sempre rendem.

A descarada demagogia, denunciadora do carácter, levou o novo edil ao negócio ruinoso de vender em hasta pública, por 41.800 €, o Audi A 8, da anterior vereação, e cujo custo tinha sido, em 2018, de 83 mil euros. Obteve metade do preço da compra e ficou sem a viatura que transportaria condignamente, além dos autarcas, as personalidades nacionais e estrangeiras que visitam a Câmara de Coimbra.

A notícia encheu duas colunas do DC (pág.2), de 2 do ct, onde se afirma que a verba vai ser canalizada para a compra de dois autocarros da frota dos SMTUC. O que a notícia não diz é onde se compram autocarros a 21.400 euros (divisão do montante apurado por dois autocarros) nem se o autarca faria o péssimo negócio se o luxuoso Audi fosse seu. A relevância dada pelo jornal é um frete que a publicidade institucional justifica.

Depois deste ato de populismo quem quer saber do enorme aumento que sofreu a fatura da água, em tão curto espaço de tempo, com o novo edil, que tem como número 2 outro Prof. Dr. e nomeou para o SMASC outro Prof. Dr. A UC conquistou a Câmara?

À medida que a Universidade vai tomando conta da autarquia, os munícipes temem que à fatura da água junte o aumento do IMI e que as ambições políticas pessoais punam os munícipes.

Pagaremos todos, os que sufragaram não uma coligação de direita, mas o rol de partidos de direita cujo nome de todos ninguém conseguiu fixar, e os que votaram nos partidos de esquerda.

É insólito um prestigiado médico, ex-Bastonário da OM, acabar a vender carros em segunda mão sem fazer a mínima ideia do custo de um autocarro de passageiros.     

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