O presidente da Câmara de Coimbra e a embriaguez do poder

Há tempos, incomodado com a arrogância e impertinência do novo autarca de Coimbra, após o aumento da fatura da água, única decisão importante que lhe conheço, designei-o por sofrível cidadão e medíocre autarca, adjetivos que enxofraram um amigo meu e ex-colega, sócio da mesma associação política “Nós Somos Coimbra”, de onde o edil veio a ser convidado por Rui Rio para liderar a lista do PSD nas últimas eleições autárquicas.

Não me move qualquer espírito persecutório ao trânsfuga do PSD, partido onde voltará para satisfazer as ambições pessoais, nem contra o «Nós Somos Coimbra», como se os outros munícipes fossem Penacova ou Condeixa.

Nas penúltimas eleições autárquicas de Coimbra, foi preterido pelo PSD, que preferiu Jaime Ramos, um histórico militante com currículo parlamentar e autárquico, que teve a coragem de votar derrotado a favor da IVG, ao lado de Natália Correia e Helena Roseta, contra a decisão do partido, que preferia a prisão para mulheres com fetos teratogénicos, violadas ou em risco de vida, se ousassem abortar.

Então, quis desforrar-se e concorreu contra o PSD sob a bandeira da referida associação, com o insólito apoio institucional do reitor da UC, seu irmão, que, nessa qualidade, lhe manifestou a solidariedade com que violou a neutralidade que a UC merecia. 

Nas últimas eleições, convidado por Rui Rio, encabeçou a lista de numerosos partidos de direita, alguns sem qualquer militante conhecido no concelho, e logrou conquistar para o PSD a Câmara de Coimbra.

O médico e ex-bastonário da OM entrou em delírio, e tornou-se incontinente verbal com palco nos jornais locais, de onde ameaça o Governo e todos os adversários, à espera de uma carreira política depois da honrosa carreira clínica e académica.

O exibicionismo leva-o a declarações e linguagem inaceitáveis nas funções que exerceu e nas que ocupa. Revela ser, não só um sofrível cidadão e medíocre autarca, mas pessoa a quem a erudição e as habilitações impediram a carreira de almocreve.

Aqui fica, para avaliação do carácter, a prosa do presidente da Câmara de Coimbra, onde laivos de misoginia se misturam com a insolência e a vulgaridade da linguagem que, entretanto, apagou  e corrigiu com esta nota: «Nota: como algumas pessoas se sentiram alegadamente ofendidas por eu quer qualificado carinhosamente de 'simpática velhinha' uma senhora do meu quinquénio etário, decidi alterar o texto, esperando que agora não me critiquem por discriminação de género 😀» [sic]

Texto apagado


Comentários

Dulce Oliveira disse…
Ás pessoas com a nossa idade, sempre lhes foi ensinado que os mais velhos merecem todo o nosso respeito.
Agora assistimos a situações absolutamente aberrantes e obscenas em que os velhos são "a peste grisalha", "a velhinha" e nos meios menos letrados "cabrão do velho que nunca mais morre".
Isto provoca-me tanta raiva que só me apetece desejar a essa gente que nunca cheguem a velhos…

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides