Associação Ateísta Portuguesa (AAP) - 15.º Aniversário
No 15.º aniversário da reunião da 1.ª Assembleia Geral que elegeu os corpos sociais da AAP para o primeiro mandato, deixo aqui o Manifesto Ateísta divulgado na sequência do registo notarial, nove dias antes.
«Manifesto Ateísta»
Na sequência da legalização da Associação Ateísta Portuguesa
(AAP), os outorgantes da respetiva escritura saúdam todos os livres-pensadores:
ateus, agnósticos e céticos, que dispensam qualquer deus para viverem e
promoverem os valores da liberdade, do humanismo, da tolerância, da
solidariedade e da paz.
Os ateus e ateias que integram a AAP, ou a vierem a
integrar, aceitam os princípios enunciados pela Declaração Universal dos
Direitos do Homem e respeitam a Constituição da República Portuguesa.
O objetivo da AAP é mostrar o mérito do ateísmo enquanto
premissa de uma filosofia ética e enquanto mundividência válida. Porque o ser
humano é capaz de uma existência ética plena sem especular acerca do
sobrenatural, e porque todas as evidências indicam que nenhum deus é real.
A AAP defende também os interesses comuns a todos os que
escolhem viver sem religião, defendendo o direito a essa escolha e a laicidade
do Estado, e combatendo a discriminação e os preconceitos pessoais e sociais que
possam desencorajar quem quiser libertar-se da religião que a sua tradição lhe
impôs.
A criação da AAP coincide com uma generalizada ofensiva
clerical a que Portugal não ficou imune. Apesar de o ateísmo não se definir
pela mera oposição à religião e ao dogmatismo, em nome da liberdade, da
igualdade e da defesa dos direitos individuais, a AAP denuncia o proselitismo
agressivo e a chantagem clerical sobre as sociedades democráticas. O direito de
não ter religião, ou de ser contra, é igual ao direito inalienável de crer,
deixar de crer ou mudar de crença, sem medos, perseguições ou constrangimentos.
O ateísmo é uma opção filosófica de quem se assume
responsável pelos seus actos e pela sua forma de viver, de quem dá valor à sua
vida e à dos outros, de quem cultiva a razão e confia no método científico para
construir modelos da realidade, e de quem não remete as questões do bem e do
mal para seres hipotéticos nem para a esperança de uma existência após a morte.
A AAP representa todos os que optem por esta forma de viver e defende a sua
liberdade de o fazer.
Lisboa, 30 de maio de 2008
(Ortografia atualizada)
Comentários