José Saramago – 25.º aniversário do Prémio Nobel (10-12-1998)
José Saramago recebeu o Prémio Nobel da Literatura, perante o azedume do Vaticano e de Cavaco, as diatribes do Sr. Duarte Pio, a euforia dos leitores e o orgulho de Portugal.
Vinte e cinco anos depois, Saramago não precisa de
panegiristas, merece apenas ser lido com a sedução que inspira, o prazer que
transmite em cada página e a descoberta da riqueza da língua portuguesa
trabalhada por um notável criador.
Ao indizível prazer da leitura do gigante literário que é
Saramago junta-se o deleite pelo azedume que provocou o seu êxito e a
animosidade de que ainda é alvo o escritor ateu. Cavaco, então medíocre PR, nem
na morte o acompanhou.
L'Osservatore Romano, diário do Vaticano, escreveu quando
B16 era líder da empresa: “Saramago é, ideologicamente, um comunista
inveterado” e, depois da sua morte, ainda lhe chamou “populista extremista” e
“ideólogo antirreligioso”, epítetos que o honram.
Sousa Lara, pai do exorcista homónimo, subajudante de
ministro de Cavaco, censurou “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e opôs-se a que
fosse incluído para o concurso a um prémio literário europeu. Foi o rosto do
cavaquismo, boçal, vesgo e analfabeto.
Um eurodeputado do PSD, Mário David, nascido em Angola, e a
viver há décadas fora de Portugal, declarou então ter vergonha de ser
compatriota do escritor e que este devia renunciar à nacionalidade portuguesa.
Valha-nos o «Ensaio Sobre a Cegueira».
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