José Saramago
«Tudo em nós envelhece, escasseia, perde vigor com o tempo: a energia do corpo, a entrega da alma, a força da memória, a velocidade do pensamento. Menos uma coisa: a imaginação, o sonho de olhos abertos. Essa está cada vez mais fresca, mais desperta, mais ambiciosa, em contra-corrente ao corpo e à alma. E quando a imaginação cresce e fica maior do que a alma, já não cabe nela, o velho entra em delírio, deprime-se, escorre para fora do corpo – e deixa-se morrer.
Morre porque já não cabe na vida, fica-lhe um bocado de fora».
(Ao ler o último Saramago, «As Intermitências da Morte». O raio do velho está com a imaginação cada vez mais prodigiosa!) Comentário de O. M.
Comentários
Ainda o deixam escrever livros?
Viva o Velho!
Mas que bem que o Carlos Esperança, a meu ver, está retratado neste frase do Saramago. Ou será que não?
«De olhos bem abertos», como diz mano 69.
O seu post foi apagado, não por ser disparate, a que tem direito, mas por repeti-lo.
Já está no post anterior esse seu inteligente comentário~, à altura de quem o profere.
prefiro esta:
O velho sentia-se-- e não se pode negar que tinha todas as razões para isso- como um velho a quem nada mais podia acontecer, nada de novo, nem bom, nem mau (um pouco melhor ou um pouco pior, tendo, todavia, hipóteses desiguais) (mas no essencial, isso em nada altera o essencial): como alguém a quem já tudo aconteceu (mesmo o que poderia ainda, ou teria podido, acontecer), que trocou as voltas- provisoriamente-- à morte, viveu- definitivamente-- a sua vida, conheceu modestas recompensas pelos seus pecadoe e severas punições por suas virtudes, e não passa, desde aí, de mais um figurante permanente, n na lista cinzenta -- elaborada não se sabe onde, nem obedecendo a que inspiração -- dos considerados excedentes; e que, em relação a tudo e contra tudo, acorda todas as manhãs com a ideia de, apesar de tudo, existir (e essa não é uma sensação assim tão desagradável) (como pudesse ser) (se tomasse tudo em consideração) (o que, pelo contrário, nunca fazia).
(imre kertesz, a recusa)
um abraço canino!
Talvez o responsável pelo Blog devesse aplicar coerentemente o critério de remover comentários em caso de repetição.
Tem toda a razão. É pouco inteligente o autor e entre a vocação para a denúncia e a inteligência para a pulhice, só sabe repetir. É um papagaio que causa náusea.
Por isso apago o comentário que está, aliás, repetido até à náusea noutras caixas.
A minha Alma está parva...
José Saramago é um dos emigrantes portugueses mais notáveis e um dos grandes nomes da literatura mundial.
É merecedor de todas as distinções e bem podiam nomeá-lo Governador do Banco de Portugal.