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A mostrar mensagens de março, 2023
Por
Onofre Varela
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Crer e saber Por Onofre Varela O Homem é um animal dotado de inteligência, o que o torna superior aos restantes animais seus companheiros da vida na Terra. Por isso mesmo é, também, um ser religioso por natureza e excelência, cuja característica de animal inteligente o levou à criação dos conceitos do belo, da Arte, do sagrado e dos deuses, e à consequente prática de cultos religiosos. As instituições dedicadas à exploração da fé religiosa (vulgo, Igrejas [*] ) pretendem ser proprietárias do conceito de Deus – sobre o qual se erigiram civilizações – mas, na verdade, do mesmo modo como a Língua que falamos é propriedade nossa, também o conceito de Deus a todos pertence, independentemente de seguirmos, ou não, uma fé religiosa, porque o conceito dos deuses é uma invenção da espécie Homo sapiens sapiens . Nessa pretensão de posse, a Igreja Católica já perseguiu e puniu com tortura e morte quem se atreveu a abordar a divindade fora do âmbito da sua fé. E o Islamismo extremista ainda
O padre e o André Ventura
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Carlos Esperança
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A confirmarem-se as suspeitas de pedofilia do padre Mário Rui Pedras, pároco da igreja de São Nicolau, Baixa de Lisboa, confessor e diretor espiritual de André Ventura, não se vê razão para deixar em abstinência sacramental o penitente antes do julgamento. A presunção de inocência mantem-se para o padre e a alma do confessado não devia ficar sem aconchego pio, tanto mais que a idade do ungido impede o crime de que é acusado confessor. Encharcado em sacramentos, batismo, confirmação, eucaristia e penitência, dose cavalar única, rumou ao Seminário de Penafirme aos 14 anos. Que manhãs submersas o terão aflito ali para que em 6 de dezembro de 2019, apresentasse na AR o projeto de lei para a agravação de penas em crimes de abuso sexual de menores, incluindo a implementação da castração química? Mário Rui Pedras foi o padre que o aliciou aos 14 anos, e, ao que se sabe, só para os sacramentos e para o seminário. A devoção do pio da madraça de Passos Coelho não pode ficar sem direção esp
O Presidente Cartaz e o protegido do Presidente
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Carlos Esperança
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Marcelo é cada vez mais o líder da direita e estímulo comum dos partidos da oposição. O Presidente Cartaz está em todos os noticiários com os seus estados de alma, dúvidas, receitas, avisos e previsões. Não falta com comentários a jogos, leis e decretos nem com a presença a funerais, receções e festas. Não é um Presidente, é o cartaz da sua vaidade e agenda política. O Presidente Cartaz não é um ativo tóxico como o salazarista que o precedeu em Belém, é o homem inteligente, culto e empático que rivaliza na perfídia e na insídia. Tem igual ódio à esquerda, mas é urbano, tem maneiras, leu Camões e é ortodoxo na gramática. O Presidente Cartaz acha que o Governo promulga leis-cartaz enquanto o seu protegido Moedas “trabalhando diariamente para aumentar a oferta de habitação: através do setor público e do privado, do setor social e cooperativo”, procede à inauguração da “nova residência de estudantes no Campo Pequeno", com quartos a partir de 735 e até 1.096 euros por mês. O Presidente
Equinócio da Primavera
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Carlos Esperança
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Este ano, a luz do sol retorna no seu esplendor, as flores desabrocham e a temperatura é mais quente, tudo como deve ser, a anunciar o equinócio da Primavera que logo, às 21h e 25m terá lugar no Hemisfério onde nos encontra. Queria celebrar com os diletos leitores a Primavera que chega, e lembro-me de que há 20 anos, no dia de hoje, 20 de março de 2003, às 02H35 (hora de Lisboa) começaram as bombas a cair sobre Bagdad. Quatro compulsivos mentirosos e agressivos belicistas tinham decidido invadir o Iraque. Desse inferno, da orgia de terror, da destruição de um País e desestabilização do Médio Oriente, cujas consequências nefastas para a paz mundial continuam a sentir-se, nunca foram julgados os autores. Todos vivem ainda, sem vergonha nem remorso. E só Blair pediu perdão do crime que o não merece. Em Portugal, onde a política externa é da exclusiva responsabilidade do Governo, onde o PR Jorge Sampaio, com grande dignidade, se opôs ao envio das Forças Armadas, por ser o Comandante
O frustrado concurso de beleza monástica – Crónica inédita
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Carlos Esperança
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Em 2008, um padre italiano propôs uma competição que pretendia eleger a freira mais bonita, via internet. Face às críticas, voltou atrás e suspendeu tudo. De onde vem este ódio ao corpo feminino, a fúria misógina, o ranger de dentes, perante a forma de um corpo, as curvas do desejo e a beleza da mulher? Paulo de Tarso, um místico desequilibrado, rotulou o cabelo e a voz das mulheres como coisas obscenas e Agostinho de Hipona entrava em desvario por não poder resistir-lhes, e ambos foram santos na infância dos milagres, quando a produção em série estava por inventar e a Igreja católica era avara na produção de taumaturgos. Mas que obsessão é essa dos que lhes querem cobrir o corpo, seja com o hábito, alvo, de freira ou com a negrura da burca, e esconder-lhes as formas, porque temem a beleza, e as reduzem a um corpo sem feitio porque lhe adivinham a inteligência da alma? Não, não é dessa alma que falo, da criação ontológica que alimenta um deus sedento no Olimpo de todos os medos,
CAVACO SILVA
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Carlos Esperança
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Há 7 anos, no dia de hoje, o proprietário da vivenda Gaivota Azul tinha a popularidade que as sondagens lhe atribuíam e que a imagem documenta. Hoje, tal como aconteceu 10 anos depois da sua saída de PM, com a amnésia coletiva, apareceu a falar das suas preocupações com a habitação, a saúde e a justiça social… a convite de Carlos Moedas, edil de Lisboa e entusiasta do palco papal que o PR Marcelo e a Igreja do cardeal Clemente queriam. Foi enternecedor ver Cavaco Silva, que julgávamos com a sensibilidade social de um batráquio, a falar do Governo, "marxistas ignorantes" e, face ao "resultado do falhanço da política do Governo nos últimos sete anos" na habitação, a apelar: "Deixemo-los em paz com a sua ignorância". Enquanto Trump pensa que vai ser detido, Cavaco pensa que vai ser ouvido.
Cimeira das Lajes – 16 de março de 2003
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Carlos Esperança
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Se na tarde de hoje, há 20 anos, tivessem estado na Ilha Terceira, na base das Lajes, os da fotografia anexa, em vez dos quatro que todos conhecemos, não teria havido a cimeira da guerra onde, em macabra encenação, foi anunciada a invasão do Iraque. O mundo não se teria livrado dos vírus, de guerras e das crises cíclicas do capitalismo, mas ter-se-ia evitado a tragédia cujas ondas de choque nunca mais deixaram de fazer sentir-se no terrorismo, nas tensões entre o sunismo e o xiismo e na instabilidade das fronteiras do Médio Oriente e da paz mundial. E o da direita, o que esteve nas Lages, podia ser agora a escolha de Marcelo Sousa para lhe suceder, sem fazer passar pela vergonha M. – O PR, líder da direita e especialista de marketing .
A pedofilia e os bispos católicos
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Carlos Esperança
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O ruido do tiro aos padres pedófilos esconde a caça grossa e a responsabilidade desta na ocultação e eventual prática de crimes. À lamentável gestão dos bispos está a organizar-se a campanha laica de limitação de danos. Marcelo – O PR, na hábil preservação da sua imagem, depois de manifestar a mais tosca insensibilidade, abriu a caça aos bispos e logo deixou ao alter ego, Marques Mendes, a solidariedade que lhe custaria a popularidade. Marques Mendes, na homilia semanal, veio defender os bispos afirmando que dispõem apenas de nomes para suspender os padres pedófilos, como se, para além da confissão, não soubessem ser verdade o que Daniel Sampaio disse sobre as listas diocesanas que as dioceses receberam, onde constam os nomes dos que foram acusados pelas vítimas após a confirmação de outras fontes. É assim que, escondido o bispo Ximenes Belo, se omitem as responsabilidades dos seus colegas suspeitos de encobrimento, Lisboa, Porto e Guarda. Por estar à beira da jubilação, recordo o bisp
A França e as manifestações
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Carlos Esperança
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Quando vejo as manifestações violentas e grandiosas a ocuparem Paris de gente jovem, não me surpreendo com o entusiasmo, apenas com a solidariedade da esquerda francesa a cavalgar a onda de contestação ao aumento da idade da reforma. Que sejam jovens a contestar entusiasticamente a passagem da idade da reforma dos 62 para os 64 anos, alguns de mochila às costas, profissionais da contestação, a viajarem na União Europeia, já é motivo de espanto. Surpreende que sejam jovens os que contestam o aumento da idade da reforma para que a Segurança Social possa pagar as suas reformas quando forem velhos, acompanhando o aumento da esperança de vida. Os atuais partidos fascistas da Europa devem rejubilar. Apoiados por Putin, através de agentes seus, e por Trump, através de Steve Bannon, preso por fraude financeira, desvio de fundos, e indultado oportunamente por Trump antes de dar lugar a Biden, recolherão os frutos da contestação. Não consigo compreender o apoio do que resta dos velhos pa
Por
Onofre Varela
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O mau e o bom, nos discursos da mesma Igreja Onofre Varela Continua na ordem do dia o caso dos crimes sexuais praticados por sacerdotes católicos no seio da Igreja que se proclama distribuidora de amor e tem a sua história manchada por crimes de ódio perpetra dos pela Inquis i ção rotulada de “santa”, e crimes de índole sexual cometidos ao longo da sua história milenar até aos nossos dias e à nossa porta . O bispo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) , não foi f eliz n a negação de apoio às vítimas, o qual devia ser assumido pela Igreja enquanto entidade que alberga os sacerdotes acusados de violação sexual. Disse que a questão d esse apoio, referente às indemnizações, “ é clara, tanto no Direito Canónico como no Direito Civil. Se há um mal feito por alguém, esse alguém é que é o responsável pela indemnização”. Em seu entender, a lista que a Igreja recebeu da Comissão de Investigação dos crimes sexuais cometidos pela Igreja, não passa de um
A opinião de Vital Moreira
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Carlos Esperança
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SÁBADO, 11 DE MARÇO DE 2023 O que o Presidente não deve fazer (35): Desvio de poder Publicado por Vital Moreira 1. Acentuando a sua compulsiva vertente de comentador político nesta entrevista dada à RTP e ao Públic o - em que, mais uma vez, falou sobre tudo e mais alguma coisa -, o Presidente da República permitiu-se fazer publicamente um balanço assaz crítico do primeiro ano do atual mandato governativo, assumindo o papel da oposição, o que manifestamente não cabe na sua função constitucional de "poder moderador", ou seja, de garante do regular funcionamento das instituições, de prevenção de abusos da maioria governamental e de proteção dos direitos da oposição. No nosso sistema político-constitucional, o julgamento político do Governo não cabe ao PR, mas sim ao parlamento, perante o qual aquele é politicamente responsável. Por maior que seja a liberdade de expressão política do PR, ela deve ser instrumental em relação às suas funções constitucionais, não devendo se
M. – O PR 13
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Carlos Esperança
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Há três anos, repito, há três anos, em 2020, já com o alarme do efeito do coronavírus na economia mundial, sem previsão das graves consequências no país, M - O PR veio dizer que não dissolvia a AR neste seu mandato e, perante as lutas partidária e as dificuldades do Governo, que “Não se pode começar a legislatura com ambiente de fim de ciclo”. A primeira afirmação fez dos eleitores parvos. Seria o suicídio político, a impedir-lhe a reeleição, quando só dispunha de seis meses para usar a prerrogativa, dissolver a AR, vedada nos últimos seis meses desse mandato e nos primeiros seis do segundo. Foi uma forma injusta e sibilina de fragilizar um Governo para o qual não havia alternativa. A segunda afirmação, em modo de intriga, foi mais grave, um ataque feroz ao Governo e à AR onde os partidos fazem política, como devem, e o Governo negoceia como pode. Foram afirmações demolidoras, sem benefício pessoal, além da vontade de apoiar a sua direita, fora de tempo, quando novas eleições rep
M. – O PR (12) – o líder da Oposição de Direita
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Carlos Esperança
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Há sete anos, o dia de hoje não fez história, mas aliviou. Foi o dia em que rebentou um furúnculo do regime democrático, o fim de um pesadelo nacional. A chegada de Marcelo, a Belém, teria sido normal, em democracia, se não fosse o alívio da partida de Cavaco. Voltámos a ter um PR culto, inteligente e normal, uma situação auspiciosa, depois de uma década inquieta. Na euforia da saída, celebrou-se a esperança, com quem entrou. Havia de celebrar-se com quem quer que tivesse entrado! A partir de então, as injúrias a Cavaco deixaram de ser crime público. Cabe-lhe agora demandar quem dele disser o que pensa, aquém do que merece, do que a urbanidade aconselha e a caridade consente. Levou mais uma pensão, a de PR, depois de um Governo PS o ter obrigado a optar entre as pensões e o ordenado. Abdicou deste, ressentido, e ‘apenas’ acumulou o subsídio de representação [40%]. O País esqueceu as lamúrias sobre a exiguidade das reformas, a felicidade na atribuição de pensões aos pides, por r
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Onofre Varela
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MITOLOGIA NO REINO DA CRENÇA (2) Onofre Varela Sabe-se que as mitologias se copiam, se adaptam e se repetem, e que essa característica se reflecte, também, nas religiões, o que terá motivado o gravador, poeta e tipógrafo inglês, William Blake (1757-1827), a publicar, em 1788, a sua célebre frase “Todas as religiões são uma só”. Como exemplo ilustrativo do encontro (ou cópia) de narrativas mitológicas, focarei o caso de Zohak, ambicioso filho de um rei do deserto, que se deixou tomar pelo espírito do mal e matou o seu próprio pai para se apossar do trono. Mas uma noite, em sonhos, Zohak viu-se vencido por um jovem príncipe. Ao acordar sentiu pânico pela possível perda do poder, e ordenou a todos os sábios do reino que interpretassem o seu sonho. Um deles, de nome Mobed, disse-lhe que o seu trono iria ser tomado por um jovem acabado de nascer, e que seria “para a Terra, um augusto céu”. Aterrorizado, Zohak mandou massacrar todos os recém-nascidos, esperando matar, ainda no berço, aqu
Hoje, na Ereira
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Carlos Esperança
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O POETA AFONSO DUARTE – HOMENAGEADO HOJE NA EREIRA A vida e a obra de Afonso Duarte (1884-1958) vão ser homenageadas, na sua terra natal a Ereira, concelho de Montemor o Velho no próximo domingo, dia 5 de março. A iniciativa organizada pela Associação Afonso Duarte, com sede na Ereira tem o patrocínio da presidência da Camara Municipal de Montemor o Velho e da Assembleia Municipal, dos vereadores da Cultura e da Educação, de outros órgãos autárquicos regionais e locais e de instituições culturais e cívicas do distrito de Coimbra. As várias manifestações programadas e que decorrem na data em que se completam 65 anos sobre a morte de Afonso Duarte, terão início ás 10 e 30 horas, na igreja local , com uma missa de sufrágio; seguindo – se ás 11 e 30 horas o descerramento de uma placa evocativa na casa onde nasceu o poeta. Serão oradores, Afonso Duarte Costa, presidente da Associação Poeta Afonso Duarte e o jornalista e escritor António Valdemar, sócio efetivo da classe de Letras da A
M. – O PR 11 O LÍDER DA OPOSIÇÃO DE DIREITA
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Carlos Esperança
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A vitória de António Costa, contra todas as oposições e contra Marcelo, teve na tomada de posse do seu último Governo a insólita resposta de M. – O PR. M. – O PR, com a cultura e as maneiras que minguavam ao antecessor, fez um discurso insólito a pressagiar a oposição implacável de que não mais abdicaria. A confrangedora e obsessiva presença nos media tornou M. – O PR a única referência sólida da direita e o produto de mais baixo custo para consumo radiofónico, televisivo e de cassetes piratas. M. – O PR aparece quatro vezes em um único noticiário, a perorar sobre todos os temas, a dar a tática de futebol, a manifestar dúvidas sobre o Governo, a dizer o que este devia fazer, a conduzir reivindicações, a ocupar o espaço mediático e a prognosticar que Luís Montenegro poderá ser o próximo PM. Este, por sua vez, persuadido da memória curta do eleitorado, já elegeu hoje os melhores Governos da democracia, incluindo os de Durão Barroso e Passos Coelho, omitindo, por vergonha, apenas o d