M. – O PR 13

Há três anos, repito, há três anos, em 2020, já com o alarme do efeito do coronavírus na economia mundial, sem previsão das graves consequências no país, M - O PR veio dizer que não dissolvia a AR neste seu mandato e, perante as lutas partidária e as dificuldades do Governo, que “Não se pode começar a legislatura com ambiente de fim de ciclo”.

A primeira afirmação fez dos eleitores parvos. Seria o suicídio político, a impedir-lhe a reeleição, quando só dispunha de seis meses para usar a prerrogativa, dissolver a AR, vedada nos últimos seis meses desse mandato e nos primeiros seis do segundo. Foi uma forma injusta e sibilina de fragilizar um Governo para o qual não havia alternativa.

A segunda afirmação, em modo de intriga, foi mais grave, um ataque feroz ao Governo e à AR onde os partidos fazem política, como devem, e o Governo negoceia como pode.

Foram afirmações demolidoras, sem benefício pessoal, além da vontade de apoiar a sua direita, fora de tempo, quando novas eleições repetiriam um quadro partidário semelhante, salvo para a extrema-direita a quem facilitaria o crescimento.

M – O PR devia ter deixado a Marques Mendes, conselheiro de Estado de confiança, a tarefa que desempenha com grande vivacidade. Marques Mendes, protegido de escutas no Conselho de Estado, é o Dias Loureiro de Marcelo, igualmente impoluto, e podia ter dispensado o PR de análises duplicadas e prejudiciais à isenção do cargo.

Enfim, em período de defeso para ósculos, selfies, funerais, cerimónias pias, Urgências dos hospitais, feiras e festas profanas, o Governo sofreu ataques do PR, e este delapidou o capital acumulado ao quilómetro, ao beijo, ao incêndio, ao peditório e ao comentário através de microfones e câmaras televisivas que o seguem em permanência.

Marcelo esbanjou o entusiasmo com que quatro anos antes País se livrou do antecessor.

Manteve a reclusão voluntária, depois do teste negativo ao coronavírus, a que se expôs, antes de revelar à TVI a vida, isolado em casa: “Trato das refeições, arrumo a casa e lavo a roupa”, tão credível como esmerar-se a preparar a sopa de vichyssoise, na altura de refletir sobre os excessos que minaram a alegria geral com que a sua tomada de posse fora acolhida quatro anos.

Depois, na sequência do chumbo do OE, ao dissolver a AR, M. – O PR deixou Marques Mendes a arengar que o Governo ia para eleições derrotado e, face à maioria absoluta que o surpreendeu restou a M. – O PR assumir a liderança da oposição de direita com o inenarrável discurso de posse a ameaçar o Governo e os líderes da direita.

Deposto Rui Rio, capaz de lhe fazer o que tinha feito ao Sr. Pinto da Costa, M. – O PR aceitou Montenegro contrariado e aguarda agora que o protegido Moedas possa disputar a liderança do PSD.

Ontem, M. – O PR, certo de que ninguém lembraria o que dissera três anos antes, repito, três anos antes, veio repetir que o Governo nasceu requentado esgotado o que fez títulos de imprensa e ao CM chamar na capa a atenção: «Marcelo arrasa António Costa» P. 28.

M. – O PR brilhou na entrevista adrede combinada com dois jornalistas que se portaram como deviam, deixando falar o entrevistado, a contrário da entrevista ao PM em que um deles julgou ser um debate.

Ontem, M. – O PR reiniciou as Conversas em  Família herdadas do PM homónimo sem se dar conta da sintonia com o regime de onde veio, enquanto o edil de Santa Comba, eleito pelo PS, se afadiga a preparar o Museu Salazar, talvez à espera da venera Marcelo lhe imporá, talvez em um dia 10 de junho, sabendo que o 28 de maio é difícil de engolir pelo país.    

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