Caros leitores, riam, riam, riam…, antes de terem de chorar

Depois de digerir que M. – O PR considera “um bom sinal a mobilização da CGTP”, defendendo que é importante as centrais sindicais manterem “o contacto com o terreno” face a novos sindicatos e movimentos, só nos faltava o longo tempo de antena ao edil do Porto, na RTP-1, hoje à hora do almoço, batizado como a primeira parte da reportagem sobre a droga, no Porto.

M – O PR esqueceu a cumplicidade com o extinto Simmper – Sindicato Independente de Motoristas de Matérias Perigosas e o susto quando viajava com um motorista que, confiado no suposto aliado, lhe mostrou o cronograma (2019) para derrubar o Governo; o Dr. Rui Moreira, depois de absolvido em Tribunal e de regularizados os negócios da Quinta do Selminho, é imparável na corrida política para um ignorado destino, não lhe faltando cobertura mediática.

M. – O PR há de fazer à CGTP o que em 2019 fez ao Simmper e, há dias, ao STOP, que agora condena, enquanto o Dr. Moreira continuará a correr para onde só ele sabe.

Tudo isto seria motivo de riso se não fossem as consequências. Assim, contribuo com a evocação do passado para o humor, neste dia frio e soalheiro:

Naquele tempo… Humor ou talvez não

Um médico português – dizia-se –, foi vaiado em um congresso, por levar três horas a extrair um dente, quando anunciada a comunicação científica, e acabou com a plateia a aplaudi-lo de pé, depois de informada de que em Portugal não se podia abrir a boca.

Era no tempo em que o eterno ditador conseguia bater os especialistas a definir a idade das múmias encontradas no Egipto dos faraós. Bastava-lhe entregá-las à PIDE, elas acabavam por confessar.

Era quando um bêbado que acabara de desabafar “que merda de País este...” encontrava logo um esbirro que o prendia. Depois de lhe ter jurado que se referia a Cuba, quando já recuperara a liberdade, o mesmo esbirro vinha de novo prendê-lo com o argumento, aliás respeitável, de que “merda de país” só podia ser o nosso.

Os métodos anticoncecionais que a Igreja e o Estado então consentiam reduziam-se à castidade e a atirar pedras às cegonhas, espécie de intifada contra a explosão demográfica. E ensinava-se que a Igreja era a nossa mãe e Salazar o pai, num país ansioso por ser órfão de pai e mãe.

Ser patriota – diziam –, era amar a pátria, do Minho a Timor. Não se contentavam com o amor à nossa, exigiam que amássemos também a alheia.

Admirávamo-nos, então, de que a Suíça, sem costa marítima, tivesse um ministério da Marinha sem nos darmos conta de que tínhamos um ministério da Educação.

Vão longe os tempos, voltaram os tiques autoritários. Há uma atmosfera que prenuncia o regresso. Postergam-se os interesses coletivos para atender caprichos particulares, vergam-se as consciências ao peso dos interesses, sepultam-se princípios nos terrenos onde floresce o medo e medra a ambição, embota-se o sentido crítico pela propaganda.

Há outra vez o país do futebol onde os senhores da bola viram dirigentes políticos e se vai de novo a Fátima à espera de um milagre.

Até a guerra voltou, esta provocada pelo confronto geoestratégico Rússia / Nato, cuja dimensão obscena nos esmaga, e para onde Portugal sotou os Leopard 2.

Para nos assustar bastava o PR.



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