O politicamente correto e a solidariedade

Ouvi hoje o pungente testemunho de uma freira portuguesa, na Síria, sobre a tragédia do terramoto que, durante dias, foi apenas da Turquia. Sei que há os bons, os da Nato, e os maus, “os outros”, mas tenho dificuldade em compreender a insensibilidade com que se aceitam as tragédias n’ “os outros”. Aliás, duvido que haja freiras católicas em países de “bons”, onde os ditadores islâmicos controlam o poder.

E dou por mim a pensar que os portugueses que resgataram dos escombros uma criança, na Turquia, jamais se dirigiriam à Síria em missão humanitária, como se as crianças de qualquer país, independentemente do ditador de turno ou do governo democraticamente eleito não merecessem igual solidariedade humanitária.

Afinal, não é foi a solidariedade que moveu o Governo, e o PR que nunca falta com a sua opinião, foi a nacionalidade das vítimas.

Até na solidariedade entra o politicamente correto, não apenas na análise do passado dos países e na execração dos seus heróis da época nesta volúpia iconoclasta das gerações de hoje.

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