A AD e o combate à corrupção
As 32 medidas apresentadas com pompa e circunstância, pelo PM e ministra da Justiça, podem enganar os incautos e criar expetativas exageradas nos crédulos.
A qualidade de juristas dos apresentadores, como quase todos
os membros do governo, oriundos das melhores e das piores faculdades públicas e
privadas, não as credibilizar.
O anúncio é um rol de repetições de promessas anteriores de
governos do PSD e do PS, algumas vazias de conteúdo, outras com inovações
perigosas.
O aumento das penas dos crimes de corrupção e do prazo de
prescrição, ainda que com parcos benefícios, é pacífico, mas o confisco
alargado de bens, sem condenação judicial, é uma proposta inaceitável ou um
fingimento meramente propagandístico.
Seria a forma de inverter o ónus da prova. Se aprovada era a
prova do mérito do PSD no combate à corrupção, caso contrário era culpa do TC,
mas o confisco “sem condenações ou mesmo com processos arquivados”, como
disseram, seria o confisco administrativo de bens privados. Repito, uma
proposta inaceitável ou um fingimento.
A forma eficaz de combater a corrupção, sem contrariar a
CRP, é a legalização do livre acesso do fisco às contas bancárias e o combate aos
paraísos fiscais, criminalizando mesmo as transferências de e para as
offshores.
Mas isso não me parece que seja um desígnio do PSD ou do PS
e, muito menos dos dois partidos extremistas da direita, Chega e especialmente
a IL.
A propaganda vai continuar até às eleições que o Governo provocará
antes do eleitorado se aperceber de que as numerosas promessas nunca foram para
cumprir.
E a propósito de corrupção: é possível averiguar se há corrupção no Ministério Público, onde a intromissão sobre atos normais dos Governos levanta as maiores suspeitas?
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