Federico García Lorca – 126.º aniversário do seu nascimento

Pintor, compositor, pianista, dramaturgo e poeta, Lorca foi um maiores e mais promissores intelectuais do século passado.

 Faria hoje 126 anos o poeta fuzilado pelas costas, aos 38 anos, quando a violência fascista e a homofobia eram a regra na Espanha franquista, beata e clerical.

 Em sua homenagem, quando o Supremo Tribunal de Espanha, atendendo o recurso dos netos de Franco, suspendeu a exumação do ditador, aqui fica um poema de amor, sendo o sentimento e a poesia formas de combate à violência.

 – O Poeta Pede a Seu Amor que lhe Escreva –

Meu entranhado amor, morte que é vida, 

tua palavra escrita em vão espero

e penso, com a flor que se emurchece

que se vivo sem mim quero perder-te.

 

O ar é imortal. A pedra inerte

nem a sombra conhece nem a evita.

Coração interior não necessita

do mel gelado que a lua derrama.

 

Porém eu te suportei. Rasguei-me as veias,

sobre a tua cintura, tigre e pomba,

em duelo de mordidas e açucenas.

 

Enche minha loucura de palavras

ou deixa-me viver na minha calma

e para sempre escura noite d'alma.

 

Federico García Lorca, in 'Poemas Esparsos'

Tradução de Oscar Mendes


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