O PSD e RUI RIO
Rui Rio, acossado dentro do PSD, cometeu um pecado capital ao normalizar o partido fascista nos Açores. Ao reincidir com a cândida presença no MEL, oferecendo relevo ao conclave, deu ao partido que lhe rouba o eleitorado o palco para o agredir, secundado pelo moribundo CDS e pela IL.
Há em algumas das suas decisões um misto de ingenuidade e de
falta de discernimento político, e é o líder cujo currículo não tem esqueletos
no armário, que, se os tivesse, já teriam sido explorados pelos seus
adversários internos.
Rui Rio nunca teria ações não cotadas em Bolsa sem explicar
se as pagou e como, uma vivenda no condomínio BPN, na praia da Coelha, envolvida
em suspeitas e trapalhadas fiscais, e esquecer-se do cartório onde teria feito
a escritura; não daria ordens a um embaixador para votar contra a libertação
incondicional de Mandela ou permitiria a um governante a censura de um livro de
Saramago; não aceitaria igualmente dinheiro do governante Miguel Relvas, de que
a UE pediu o regresso, ou geriria a Tecnoforma, sem outro fim visível que não
fosse a caça a fundos europeus. Rio é política e eticamente diferente do seu antecessor
e do parceiro em Belém.
É uma ofensa a Rui Rio considerá-lo igual a Passos Coelho ou
julgar que todos os militantes do PSD se reveem em Relvas, Cavaco ou Marco
António.
O PSD teve líderes respeitáveis até à chegada de Cavaco
Silva, o primeiro salazarista a interromper a sequência de democratas, Sá
Carneiro, Emídio Guerreiro, Sousa Franco, Meneres Pimentel, Pinto Balsemão,
Rodrigues dos Santos, Mota Pinto e Rui Machete.
Fracassaram, após Cavaco, Fernando Nogueira e Marcelo Rebelo
de Sousa, ambos sem o estigma de negócios suspeitos e com formação política e
democrática, já convertido o último.
A chegada de Durão Barroso, um político inteligente, culto e
venal, inicia a degradação ética sistemática do partido onde, depois de Filipe
Meneses, Santana Lopes e Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite foi a exceção, para
dar lugar a um novo salazarista sem currículo e sem princípios, Passos Coelho.
Rui Rio foi uma tentativa falhada para deter a leveza ética,
o salazarismo, ou ambos, dos últimos líderes do PSD.
Foi pena.
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