XXIII Congresso Nacional do PS – A opinião de um cidadão que faz voto útil
A reeleição do sec.-geral António Costa foi, na sua esmagadora dimensão, a indiscutível vitória da social-democracia contra os que pretendem descaracterizar o partido e colocá-lo ao serviço do neoliberalismo.
Há, aliás, um militante que deve a projeção mediática à
desfaçatez com que se apresenta como líder da ala liberal do PS, uma absoluta
impossibilidade conceptual no campo dos princípios, confundindo deliberadamente
o liberalismo nos costumes e na organização do Estado (democracia liberal) com
o modelo económico do partido.
Não é crime defender o liberalismo económico e é um erro
crasso designar fascista esse modelo, mas é incoerente e absurdo defendê-lo
dentro de um partido social-democrata.
É verdade que o liberalismo económico, quando as populações o
repudiam, pode atrair a ditadura, e a trágica experiência do Chile é a dolorosa
recordação do neoliberalismo que Pinochet impôs através da violência assassina.
Não se ouviram no congresso as ambições dos neoliberais, as
vozes ansiosas da saída de António Costa, os videirinhos que ornamentaram o MEL
sem enjeitarem a companhia de fascistas, os que desejam passar pelo Governo
para justificarem posteriores convites para futuros conselhos de administração
de empresas privadas ou obter sinecuras com as maiorias parlamentares,
defendidos pelo partido adversário.
Por enquanto, perante a mais dramática conjuntura sanitária e
económica global, certos de que seriam incapazes de fazer melhor, os
adversários de António Costa aguardam, na companhia da direita tradicional e da
fascista, os fogos, a agitação social e o desgaste ao maior político que emergiu
no PS nas duas últimas décadas.
São notórios os ataques que lhe fazem os comentadores com
lugar reservado nos média, onde fazem coro com ex-líderes partidários da
direita, e jornalistas que ganham a vida a combater o Governo enquanto não surgirem
propostas credíveis da direita.
O que não sabem é que os votos de António Costa não são os seus,
e o desvio neoliberal por que anseiam pode esvaziar o PS e quebrar o vínculo de
muitos eleitores.
Surpreendente, ou talvez não, foi a irrelevância mediática
que mereceu o congresso do maior partido atual, e que é Governo, a contrastar com
a do irrelevante IL e a do partido fascista, durante os seus congressos.
Quem anda desatento, face ao desinteresse mediático, há de pensar que o PS dispensou o Congresso para reconduzir o líder na Comissão Nacional que prepara o XXIII Congresso Nacional do PS.
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