Os partidos e o sectarismo dos eleitores
Há quem prefira o ‘quanto pior, melhor’; quem confunda Cavaco Silva, um salazarista impenitente, com Marcelo, o mais lídimo exemplar da direita democrática; quem não distinga o pensamento de António Costa do de Francisco Assis e António José Seguro; quem pense que Passos Coelho segue o pensamento de Sá Carneiro, se acaso pensa.
O voto tribal, independentemente do programa e da prática política
de cada partido, serve para manter um módico de estabilidade na arquitetura
partidária, mas não serve para os militantes escolherem o líder que os
eleitores da área política desejam.
As últimas eleições presidenciais foram um barómetro dos
enganos eleitorais. Passaram despercebidas as declarações antidemocráticas de
Ana Gomes e, mais surpreendente, de Marisa Matias, a garantirem que não dariam
posse ao Governo que integrasse o partido fascista, como se coubesse ao PR
decidir sobre partidos que o Tribunal Constitucional legitimou e o Governo que
depende da AR.
Aliás, surpreende que haja quem acredite que o PSD recusará
alguma vez ser Governo para não aceitar o apoio e a própria participação de
militantes fascistas. Nem o Governo dos Açores serve de exemplo. A luta contra
Rui Rio, no interior do partido, é que usa o caso dos Açores contra ele, por
ter consentido o que os contestatários não enjeitariam.
Só dois candidatos mantiveram a postura de Estado, o do PCP,
na defesa intransigente da CRP, e Marcelo. Quem, não se revendo na direita, fez
um voto útil teve no excelente candidato do PCP a melhor opção.
Compreende-se a luta partidária na conquista dos votos
eleitorais, e aceita-se mal para a pedagogia política que se considerem iguais
todos os líderes do mesmo partido.
É difícil que o próximo líder do PS não esteja à direita de
António Costa e desacredita-se quem repete o mantra de que o PS é de direita
porque, a ser verdade, a esquerda não tem legitimidade para ser Governo.
Ouvir falar da ditadura de António Costa é sentir o fascismo
a chegar de mansinho nas insinuações enquanto o fascismo ruidoso já se
manifesta através dos polícias Zero.
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