A democracia em perigo com a judicialização da política

Não conheço jurisprudência que tenha posto em causa o sistema democrático, conheço os métodos do Ministério Público para desacreditar políticos nas páginas dos jornais e ecrãs de televisão para gáudio da populaça.

Os políticos não estão acima da lei, mas não podem ser alvos privilegiados dos rumores e humores dos sindicatos de magistrados e, sobretudo, não pode ser cometido, contra eles, ou outros, o crime de violação do segredo de justiça.

Quando o país aceitou que um juiz de instrução fosse à AR prender o deputado Paulo Pedroso, que nem sequer viria a ser acusado, com as televisões atrás, normalizou a arbitrariedade e o exibicionismo de magistrados.

Aberto o precedente, sempre com o apoio dos média, o Ministério Público ficou à solta. O ex-PM Sócrates, que avisara da sua vinda para responder no processo ainda em curso, foi preso à saída do aeroporto, em direto para as televisões. Foi a apoteose.

Depois disso, não mais pararam os ataques aos políticos. Perde-se a conta dos ministros, secretários de Estado e deputados arguidos, com comunicação prévia aos média, que viram as carreiras tremer ou terminar sem sequer serem acusados.

O que sucedeu agora a Rui Rio, um festival de gáudio para a populaça, com o honrado cidadão à varanda, reuniu o pior de que o Ministério Público é capaz, exibição da força, violação do segredo de Justiça e arruaça, em absoluta impunidade, com dez polícias a procurarem entre pijamas e peúgas de Rui Rio as provas do crime que é prática comum dos partidos, por falta de clareza da lei, e que o próprio confessaria.

Não é a investigação criminal de políticos, mesmo se inocentes, que se contesta, é esta exibição de poder ligada ao crime de violação de segredo de justiça.

O ativismo da Dr.ª Joana Marque Vidal, uma magistrada com provas religiosas dadas na procissão do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada, onde desfilou de beca, elevou-a a PGR por vontade de Passos Coelho e Cavaco, com o entusiasmo do exótico sindicato do MP que difamou o antecessor e quis evitar a sua substituição no fim do mandato.

Desde então, pelo menos na aparência, o Ministério Publico, perante a cobardia do PS e PSD escolhe quando e quem investigar. Foi assim que três secretários de Estado foram constituídos arguidos, obrigados a demitirem-se, conjuntamente com os deputados Luís Montenegro e Hugo Soares por terem aceitado uma viagem da Galp a Sevilha, na final da seleção portuguesa de futebol. O PS e o PSD ficaram em silêncio.

A ingenuidade custou o lugar aos secretários de Estado, e nem eles nem o ora líder do PSD ou o referido deputado viriam a ser julgados. A perseguição a Centeno, a devassa ao seu ministério, foi outra página negra do MP a pretexto do lugar pedido ao presidente de um clube por motivos de segurança. O MP não prescindiu de averiguar se houve contrapartidas fiscais na sua ida à bola.

O presidente da AR e um ministro pronunciaram-se contra o espetáculo degradante e, logo, uma jornalista do Expresso os acusou de aproveitarem para ataques à Justiça, quando a vergonha tem sido a tibieza da denúncia dos ataques da Justiça à democracia.

Só faltava a virgem ofendida do SMMP. Já veio. Fez coro com os partidos de extrema direita e do inefável pregador Francisco Louçã. Voltarei ao assunto.

Comentários

JA disse…
Todo meu apoio, caro senhor.
Carlos Antunes disse…
Chapeau!
Excelente análise.
Sophia Daniel disse…
Democracy in danger with the Judaization of politics is an informative article. I found many intersting information from this article. Thankyou for sharing with us. Now its time to avail Car Services in Orlando for more information.
JA, Carlos Antunes e Sophia Daniel.

Obrigado, caros leitores.

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