Salman Rushdie – 35.º aniversário da fatwa assassina
Em 1989, há 35 anos, o notável escritor ateu foi condenado à morte pelo sinistro aiatola Khomeini.
Serviu de pretexto o livro “Versículos Satânicos”, para que
aquele demente guardião do misericordioso profeta prometesse rios de mel e 72
virgens a quem o assassinasse.
Rushdie é um dos maiores escritores mundiais vivos. “Dois
Anos, Oito Meses e Vinte e Oito Noites”, apesar de alguma ignorância sobre o
imaginário oriental, proporcionou-me a leitura de um dos mais belos romances de
sempre, obra-prima do realismo mágico, de quem me deliciou com “Os Filhos da
Meia-Noite” e de quem tive a obrigação ler “Os Versículos Satânicos”, para
saber por que sem-razão foi condenado à morte pelo chalado aiatola.
Assisti na TV5 (francesa), em finais do século passado, ao
programa “Bouillon de Culture”, com o notável jornalista, Bernard Pivot, de
cujo painel faziam parte José Saramago, Günter Grass, Umberto Eco e Salman
Rushdie.
Foi um notável momento de televisão. Era uma reunião de
gigantes da cultura e do pensamento da civilização que nos cabe defender.
A única alegria que sinto é poder continuar a ler este
extraordinário romancista, que está vivo e produz obra notável, enquanto o
sinistro Torquemada islâmico continua morto e a inspirar intoxicados da fé. Em 2022
um facínora esfaqueou-o no palco do centro cultural Chautauqua Institution, em
Nova Iorque, onde iniciava uma conferência.
Quando esquecermos os vultos da cultura universal, ficam os
crápulas da intolerância pia a servir de modelo para as gerações vindouras.
Por isso, não me levarão a mal os leitores que recomende a leitura de Salman Rushdie, de preferência de costas para Meca.
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