A surpresa sobre as desabridas declarações de Mário Soares só aparece porque nós temos vivido uma situação de "laissez faire" que, indubitavelmente, está na génese da crise. Estas declarações, aparentemente, dirigem-se para a Europa. São mais uma emissão da comunicação por recados, no caso vertente, para o PSE.
Mas elas devem ter, também, uma leitura interna, já que incorporam um conteúdo ideológico profundo capaz de influenciar as relações de força no interior do PS. A resposta nacional à crise tem seguido uma política que podemos caracterizar como de “bombeiro”. Isto é, o Governo tem acudido, aqui e acolá, a pequenos focos de combustão social, ou que já se instalaram, ou que se adivinham.
Mário Soares, invoca o seu passado e a sua experiência política para advertir da necessidade de fazer uma inflexão à esquerda. As inflexões à esquerda no PS – essencialmente as protagonizadas por Manuel Alegre – tem tido um tratamento de polé. Desde os “suaves” empurrões dos que acham que deve sair para fazer um “novo” partido, deixando o PS na doce ilusão de que tudo no seu interior está bem. Ou, outros, mais virulentos como foram as declarações impróprias de José Lello, Augusto Santos Silva, entre outros, que pugnam por exorcismos políticos, absolutamente deslocados dos tempos actuais.
A direcção do partido, conflitua, gratuitamente, com dirigentes e militantes que sugerem alterações óbvias e transparentes e se entrosam nas preposições de Soares, expressas na entrevista ao El País. Estou a falar do apoio a Durão Barroso.
A política nacional tem sofrido ataques constantes a um princípio basilar da organização do Estado, isto é, é ela (a política) que comanda a Economia e o desenvolvimento económico.
Ontem, observamos uma gritante intromissão com um grupo de empresários capitaneados por Belmiro de Azevedo que foi recebido pelo PR e se propõe apresentar um plano de recuperação económica.
Voltamos à vaca fria. Regressamos às manobras que já foram exibidas, pelo poder económico, em relação ao novo aeroporto. Uma "reprise" intolerável.
O governo não poderá hesitar em desvalorizar estas iniciativas concertadas e com objectivos selectivos. Em primeiro lugar, deve colocar os diferentes protagonistas nos seus respectivos “galhos”. E quando tiver necessidade - que obviamente terá! – de ouvir o sector empresarial deve fazê-lo institucionalmente. Se possível dentro de um quadro de concertação social. Não deve, por intermédio da dita cooperação estratégica, ou institucional (como Sócrates de algum tempo a esta parte lhe chama), tacticamente intermediada pelo PR, submeter-se à pressão de lobby’s organizados que, em última análise, pretendem capturar o Estado.
Na resolução desta profunda crise económica e social o Governo deve passar a mensagem ao País do que está em causa, o que é primordial, são as decisões políticas. Isto é, a política está primeiro mesmo em relação ao normativo e aos quadros orientadores da facilitação de uma reestruturação do tecido empresarial nacional que, obsoleto e anquilosado (não competitivo como sói dizer-se agora) não apresentam qualquer capacidade ou pujança, para arrastar o País, com celeridade, para fora da crise.
E, sendo necessárias novas políticas, como sublinha Mário Soares, o velho lobby empresarial nacional, não tem espaço para protagonizar qualquer solução de mudança ao encontro da modernidade e do futuro. Pretenderá, apenas, salvar o seu ultrapassado e delapidado espólio e preservar privilégios.
Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
“Comemora-se em todo o país uma promulgação do despacho número Cem da Marinha Mercante Portuguesa, a que foi dado esse número não por acaso, mas porque ele vem na sequência de outros noventa e nove anteriores promulgados...” “A minha boa vontade não tem felizmente limites. Só uma coisa não poderei fazer: o impossível. E tenho verdadeiramente pena de ele não estar ao meu alcance.” “Neste almoço ouvi vários discursos, que o Governador Civil intitulou de simples brindes. Peço desculpa, mas foram autênticos discursos.” “A Aeronáutica, como várias vezes disse, é um complemento da navegação marítima, pois com o progresso da técnica e a rapidez da vida de hoje, era necessário por vezes chegar mais depressa.” “O caminho certo é o que Portugal está seguindo; e mesmo que assim não fosse não há motivo para nos arrependermos ou para arrepiar caminho” [1964] “Eu devo dizer que as incompreensões e as críticas – e quando me refiro ás críticas refiro-me àquelas que não sã...
Comentários
Estas declarações, aparentemente, dirigem-se para a Europa.
São mais uma emissão da comunicação por recados, no caso vertente, para o PSE.
Mas elas devem ter, também, uma leitura interna, já que incorporam um conteúdo ideológico profundo capaz de influenciar as relações de força no interior do PS.
A resposta nacional à crise tem seguido uma política que podemos caracterizar como de “bombeiro”. Isto é, o Governo tem acudido, aqui e acolá, a pequenos focos de combustão social, ou que já se instalaram, ou que se adivinham.
Mário Soares, invoca o seu passado e a sua experiência política para advertir da necessidade de fazer uma inflexão à esquerda. As inflexões à esquerda no PS – essencialmente as protagonizadas por Manuel Alegre – tem tido um tratamento de polé. Desde os “suaves” empurrões dos que acham que deve sair para fazer um “novo” partido, deixando o PS na doce ilusão de que tudo no seu interior está bem. Ou, outros, mais virulentos como foram as declarações impróprias de José Lello, Augusto Santos Silva, entre outros, que pugnam por exorcismos políticos, absolutamente deslocados dos tempos actuais.
A direcção do partido, conflitua, gratuitamente, com dirigentes e militantes que sugerem alterações óbvias e transparentes e se entrosam nas preposições de Soares, expressas na entrevista ao El País. Estou a falar do apoio a Durão Barroso.
A política nacional tem sofrido ataques constantes a um princípio basilar da organização do Estado, isto é, é ela (a política) que comanda a Economia e o desenvolvimento económico.
Ontem, observamos uma gritante intromissão com um grupo de empresários capitaneados por Belmiro de Azevedo que foi recebido pelo PR e se propõe apresentar um plano de recuperação económica.
Voltamos à vaca fria. Regressamos às manobras que já foram exibidas, pelo poder económico, em relação ao novo aeroporto. Uma "reprise" intolerável.
O governo não poderá hesitar em desvalorizar estas iniciativas concertadas e com objectivos selectivos.
Em primeiro lugar, deve colocar os diferentes protagonistas nos seus respectivos “galhos”.
E quando tiver necessidade - que obviamente terá! – de ouvir o sector empresarial deve fazê-lo institucionalmente. Se possível dentro de um quadro de concertação social.
Não deve, por intermédio da dita cooperação estratégica, ou institucional (como Sócrates de algum tempo a esta parte lhe chama), tacticamente intermediada pelo PR, submeter-se à pressão de lobby’s organizados que, em última análise, pretendem capturar o Estado.
Na resolução desta profunda crise económica e social o Governo deve passar a mensagem ao País do que está em causa, o que é primordial, são as decisões políticas.
Isto é, a política está primeiro mesmo em relação ao normativo e aos quadros orientadores da facilitação de uma reestruturação do tecido empresarial nacional que, obsoleto e anquilosado (não competitivo como sói dizer-se agora) não apresentam qualquer capacidade ou pujança, para arrastar o País, com celeridade, para fora da crise.
E, sendo necessárias novas políticas, como sublinha Mário Soares, o velho lobby empresarial nacional, não tem espaço para protagonizar qualquer solução de mudança ao encontro da modernidade e do futuro. Pretenderá, apenas, salvar o seu ultrapassado e delapidado espólio e preservar privilégios.
Já demos para este peditório!