Subsídios para a história de um santo
Nun'Álvares
"Quanto a Nun'Álvares, a sua avidez e ganância são atestadas por numerosos incidentes, conflitos e reclamações. Assim, por exemplo, quando D. João I lhe doou os direitos de Almada, Nun'Álvares achou pouco e tomou conta, por sua iniciativa e abuso (sancionado depois com uma demanda) dos esteiros de Arrentela e Corroios. Os seus rendimentos provenientes das doações feitas por D. joão I foram avaliados em 16.000 dobras cruzadas. Mais de uma vez, quando resistiam à sua desmedida ganância e à dos seus apaniguados, Nun'Álvares ameaçava... abandonar. Lutar, lutava. Mas mais bem pago que o rei. Assim Nun´Alvares se torna senhor de Barcelos, Braga e Guimarães, Montalegre e Chaves, Ourém e Porto de Mós, Alter do Chão e Sousel, Borba e Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos, Montemor-o-novo e Portel e ainda Almada, Évora-Monte, Monsaraz, Loulé e muitos e muitos outros reguengos e muitas e muitas rendas de muitos e muitos lugares. É de um homem destes que a Igreja Católica fez um santo, erguendo-lhe uma igreja em Lisboa aonde os pobres vão orar-lhe e pedir-lhe a sua intervenção junto de Deus..."
Álvaro Cunhal, "As lutas de classe em Portugal nos fins da Idade Média", ed. Estampa, 1975.
"Quanto a Nun'Álvares, a sua avidez e ganância são atestadas por numerosos incidentes, conflitos e reclamações. Assim, por exemplo, quando D. João I lhe doou os direitos de Almada, Nun'Álvares achou pouco e tomou conta, por sua iniciativa e abuso (sancionado depois com uma demanda) dos esteiros de Arrentela e Corroios. Os seus rendimentos provenientes das doações feitas por D. joão I foram avaliados em 16.000 dobras cruzadas. Mais de uma vez, quando resistiam à sua desmedida ganância e à dos seus apaniguados, Nun'Álvares ameaçava... abandonar. Lutar, lutava. Mas mais bem pago que o rei. Assim Nun´Alvares se torna senhor de Barcelos, Braga e Guimarães, Montalegre e Chaves, Ourém e Porto de Mós, Alter do Chão e Sousel, Borba e Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos, Montemor-o-novo e Portel e ainda Almada, Évora-Monte, Monsaraz, Loulé e muitos e muitos outros reguengos e muitas e muitas rendas de muitos e muitos lugares. É de um homem destes que a Igreja Católica fez um santo, erguendo-lhe uma igreja em Lisboa aonde os pobres vão orar-lhe e pedir-lhe a sua intervenção junto de Deus..."
Álvaro Cunhal, "As lutas de classe em Portugal nos fins da Idade Média", ed. Estampa, 1975.
Comentários
Para o PC,que continua a ter a pretensão de ser marxista, a religião há muito que deixou de ser o ópio do povo. Pobre Marx!
O que nos separa deles não é o Marx, é principalmente o ex-seminarista.
E, naturalmente, isso do centralismo democrático.