Efeméride – 30 de outubro de 1975
Há 47 anos, o maior genocida da História da Península Ibérica decidiu que Juan Carlos passasse a ser o chefe de Estado interino de Espanha, sob o pseudónimo de príncipe.
Francisco Franco fez da discricionariedade o método de
decisão e da violência arma de poder vitalício. O terror que infundiu
condicionou o futuro de Espanha e o da posterior democracia cuja existência
nunca admitiu ou sonhou.
O assassino morreu confortado com todos os sacramentos,
rodeado de uma multidão de cúmplices, do clero e das Forças Armadas, legando a
Espanha um descendente de uma extinta monarquia, que mandara educar nas
madraças da Falange.
A ditadura clerical-fascista extinguiu-se com a peçonha que
a criara, mas o fascismo e o clero que a apoiou mantiveram-se incólumes e
resistem nos paços episcopais, paróquias, Forças Armadas e policiais, órgãos do
poder e universidades que oferecem diplomas aos dignitários da direita.
A transição pacífica para a democracia poupou a Espanha a
aventuras sangrentas de que a desesperada tentativa do ‘23-F’ foi exceção,
sendo os cérebros, de escassos neurónios, os generais Milans del Bosch e
Alfonso Armada, condenados a 30 anos de prisão de que só cumpriram uma pequena
parte.
O fracasso do golpe de Estado, de que muito provavelmente
sairia chefe do Governo o general Alfonso Armada, foi atribuído ao alegado
repúdio do rei. Foi ideia providencial para salvar a monarquia, e não é crível
que o general Alfonso Armada, que previamente informou os EUA e o Vaticano,
cujas reações se desconhecem, encabeçasse um golpe contra o seu ex-pupilo. As
cumplicidades civis não foram investigadas e só o líder franquista dos
“sindicatos verticais”, Juan García Carrés, foi preso.
Enquanto se procura silenciar as notícias sobre as valas
comuns, onde jazem as centenas de milhares de vítimas do franquismo, fria e
metodicamente assassinadas, já depois de consolidado o poder contra a República
democraticamente sufragada, a monarquia, metida à sorrelfa na Constituição,
permanece.
Os reis de Espanha são os chefes de Estado que o genocida quis
e impôs.
Hoje, 47 anos depois de um dos últimos atos discricionários
do sociopata que deteve o poder durante décadas, não podemos deixar de execrar
o último ditador peninsular e denunciar as condições em que a monarquia foi
reinventada.
O rei atual é filho do herdeiro amoral, corrupto e devasso, designado
por Franco, depois de formatado na Falange à sua imagem e semelhança.
Viva a República!
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