Os fascistas andam por aí…

Só por ingenuidade ou hipocrisia se acreditou, ou fingiu, que a ditadura não era apoiada. Foi apoiada e querida por pais e avós dos energúmenos que agora saem do esgoto para a luz do dia, que ora não precisam mais de se esconder, que podem, na fragilidade própria da democracia, almejar o poder pelo voto popular.

Há pouco ainda era preciso esconder a matriz fascista para se ser eleito. Agora basta ter alma de escravo e as maneiras de almocreve para seduzir um povo com parcas tradições democráticas.

Saudosos do “Ultramar infelizmente perdido”, usaram a comemoração sagrada do 25 de Abril para aviltarem a data, insultarem o presidente da República do Brasil, convidado pelo PR e PM, e exibirem o espetáculo grotesco da sua má-criação.

Chegados ao poder, depois de assistirem ao silêncio magoado dos pais, derrotados em sucessivas eleições livres, os mais reacionários de sempre, estão aí para se desforrarem de 49 anos que, apesar dos solavancos, decorreram com o 25 de Abril como referência.

Hoje, carregados de ódio e ignorância, ressentidos com as conquistas dos trabalhadores e as liberdades conquistadas, querem vencer pelo medo os que ainda não se vergam, não se ajoelham e se recusam a andar de rastos.

Desejam tirar-nos tudo, o direito à saúde, à segurança social e ao ensino. Querem a saúde esquartejada entre bancos e IPSS, o ensino entregue às sotainas e ao capital e a segurança social à mercê da sopa dos pobres e da caridadezinha, para quem não pode pagar seguros.

O problema é nosso, na placidez bovina com que lhes toleramos ofensas ao 25 de Abril, na mansidão que mostrámos quando extorquiram os feriados do 5 de Outubro e do 1.º de Dezembro e deixámos que nos afrontassem com o roubo das datas identitárias.

Deixámos de nascer com vergonha e medo do salazarismo e, os que ainda vivemos no desassossego dos que nos querem mortos ou emigrados, fomos incapazes de julgar o gangue do BPN, os partidos que ele subsidiou e as pessoas cujas campanhas eleitorais patrocinou.

“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?”, ou em latim, como o secretário de Estado de Passos Coelho, o que experimentou a reação dos portugueses perante a transformação dos cortes provisórios das pensões, em definitivos: “Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra” ?

Falta-nos um Cícero que nos convoque.



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