Voando sobre um ninho de cucos

Neste País hospício, onde me encontro, para escapar à pena de trabalhos forçados pelas posições que adoto, sou obrigado a fingir de doente mental. Começo por roubar o título ao filme onde Wuando Randle P. McMurphy, bem-disposto ladrão de segunda categoria, desafiou e destabilizou a rotina da enfermaria.

Roubado o título, entre a loucura própria e o fingimento alheio, vou divagar sobre estas estranhas notícias do dia-a-dia.

Marcelo, PR, depois de anunciar o divórcio com o Governo, na sequência da exaustiva campanha de fragilização que afincadamente prossegue, acaba a divorciar-se da direita antes de se divorciar de si próprio. O país espera ansioso as declarações de Marcelo a condenar o comportamento do PR. Da Direita jurássica já sabíamos que odiava Lula, só gosta do juiz Moro, do Brasil, e do juiz Alexandre, que subiu à Relação em Portugal.

Entretanto, a Nato, todos somos Nato, consegue levar a paz a mais 1300 km da fronteira com a Rússia, enquanto a Finlândia constrói o muro de 200 km e a UE paga a defesa. Israel expande a Paz pela Palestina dentro, a China promove-a a caminho de Taiwan. A Turquia negoceia com todos em nome do Profeta e os EUA deixam roubar os planos da Ucrânia para a contraofensiva da Primavera e com a suspeita do putinismo de Guterres.

Quem, como eu, quando gozava de sanidade mental, se avezou a defender o pluralismo ideológico e considera democracias os regimes onde as oposições são legítimas, só por demência não vê na China e nos EUA os amanhãs cantantes que anunciam.

Só a insânia pode levar à desconfiança. A China levou a democracia a Hong-Kong e Macau antes do prometido. Há de levá-la à Formosa que, depois de Chiang Kai-shek, entrou em ditadura pluripartidária.

Depois da implantação da democracia cristã e ocidental no Iraque, Líbia e Afeganistão, cabe-nos a penitência do desvario que albergamos.

Vão para dentro, leitores, não digam que me conhecem. Sou perigoso. Já me dizia um fascista no tempo de Salazar que a honestidade era prejudicial, para nós e os outros. Não pensem, vejam televisão. Não tenham dúvidas, rezem. Não se mortifiquem. Doidos são os outros.

Andam à solta e aos gritos os ex-líderes do PSD, Marcelo, Marques Mendes, Cavaco, Durão Barroso e Santana Lopes acolitados pelos edis de Lisboa e Porto. Cavaco veio ontem, e não era quinta-feira, saído do sarcófago, para bolçar o ódio salazarista.

Não se esqueçam, não há vacinas contra a raiva. 


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