SÓCRATES E O JULGAMENTO NA PRAÇA PÚBLICA
O circo mediático continua mais de 6 anos depois
A Justiça e o caso Sócrates - Por Carlos Esperança -
novembro 22, 2014
Dou por mim a pensar no circo mediático que, de forma
obsessiva, tem lugar na praça pública e fico a desejar, para bem do que resta
das instituições e da sua degradação, que se provem as acusações que, na
sequência de um crime de grosseira violação do segredo de justiça, são do
conhecimento público.
Não tenho qualquer estado de alma e, à partida, penso que
nenhum procurador ou juiz seria capaz de deter um ex-primeiro-ministro sem
indícios tão sólidos que pudessem arruinar a respeito devido aos Tribunais. A
satisfação de ódios de estimação não entra na equação.
Não esqueço o alvoroço provocado com o ex-deputado Paulo
Pedroso que deixou que o prendessem, renunciando e exigindo o levantamento da
imunidade parlamentar, para depois não ser sequer acusado, no caso Casa Pia.
Foi linchado em público, com câmaras de televisão que tinham «acidentalmente»
acompanhado o juiz que o foi prender.
Apesar da coincidência infeliz de se estar na véspera do
congresso do PS e de a TV se encontrar no aeroporto, à hora da chegada do
cidadão que chefiou dois Governos, e não ocupa agora qualquer cargo político,
só a violação do segredo de justiça merece reparo.
Abstraindo do drama pessoal de Sócrates, desejo que os
motivos que conduziram ao seu linchamento público sejam cabalmente provados.
Os Tribunais são o único órgão da soberania em que ainda
devemos acreditar. Não é um cidadão que está em causa, é a Justiça que fica sob
escrutínio. Se vier a falhar, resta-nos pensar que temos a maioria, o Governo e
o PR que merecemos.
Apostila - Nesse dia a SIC-N referiu-se a este texto. Não me
recordo dos comentários.
Hoje, depois de o jornalista Paulo Querido ter referido a
notícia, pensei no ativismo judicial, na existência dos furúnculos sindicais do
sistema, Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e ASJ, e na cobardia
de termos assistido ao linchamento do ex-PM sem exigir o respeito que qualquer
arguido merece.
Os nomes dos procuradores e juízes dos processos FP-25, Casa Pia e Operação Marquês devem ser escrutinados pela opinião pública.
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