A contrarrevolução em curso incubada em Belém e na Justiça
O golpe de Estado urdido em Belém, em 7 de novembro p. p., com a escrita conjunta do afrontoso parágrafo que levou à demissão do PM, parece ter sido a tentativa com êxito.
Ontem o presidente do Supremo Tribunal alertou para o perigo do ambiente propício a “aventuras legislativas” que podem comprometer a independência da Justiça. Não lhe faltaria razão se não tivesse, em 3 de novembro, quatro dias antes do golpe, denunciado em entrevista a "corrupção instalada” e criticado o poder político pela falta de vontade em fazer do setor judicial uma prioridade. O que saberia ele?
Quatro dias depois o País soube que a suspeita sobre o PM já estava no STJ e, surpresa posterior, por confusão de Costas em escutas. Não é aceitável que o presidente do STJ refira a “corrupção instalada” através de suspeita não confirmada, em segredo de justiça.
A permanente intromissão de procuradores do MP na pré-campanha eleitoral faz temer o êxito da contrarrevolução em curso. Os procuradores divertem-se a acusar os partidos e municiam o partido fascista e o presidente da ASJ coloca-se ao lado deles. Só faltava o presidente do STJ para que os democratas temam a Justiça.
Que há um plano para destruir a democracia parece evidente. Menos evidente é o plano para destruir a independência da Justiça, e os juízes (presidente do STJ e presidente da ASJ) não podem ser o eco do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) ou comprometer-se com acusações não julgadas.
Depois da patifaria feita a Rui Rio, que o presidente do ASJ insinuou ser nazi na coluna quinzenal do Público, por anunciar, em nome do PSD, uma proposta legislativa para o Ministério Público, o ruído dos Procuradores sobrepõe-se à campanha partidária:
O PM, mais de dois meses depois da demissão, tem Procuradores à procura de pretexto para o manterem refém. Montenegro é obrigado a falar sobre a casa de Espinho. O PCP é infamado com um alegado negócio imobiliário em Aveiro. Sócrates, após dez anos, vê anunciado o julgamento em época eleitoral. Não serão coincidências a mais?
Por mais néscio que seja o eleitor há de julgar Galamba incompetente, depois de o usar Marcelo para atingir o PM a quem não perdoou a maioria absoluta. Era a tática do PR antes de recorrer à PGR. Galamba, depois de 4 anos e 82 mil telefonemas escutados, é suspeito de autoria de uma “lei malandra” para favorecer investimentos desejados pelo Governo. O MP pensou ter direito a tutelar a ação política e o PR de colocar nos jornais a notícia de ter impedido alíneas da lei malandra sem que o País saiba o que se passou nos bastidores entre o delator e o PM.
Com o Governo em gestão as polícias reivindicam um subsídio que este governo já não tem o direito de negociar. Foi o PR que estimulou a manifestação quando promulgou o subsídio da PJ e “avisou” que era preciso olhar para as outras polícias. Aí as têm com as habituais infiltrações da extrema-direita e o MP a investigar Montenegro até aceitar uma coligação com o Chega.
A Revolução afastou o pai e o filho afasta a democracia com
a contrarrevolução.
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