A vitória de Rui Rio e o PSD – 18-01-2020

(Quando os média favoreciam Montenegro, como dois anos depois (27-11-2021) preferiam Rangel).

A vitória esperada de Rui Rio é mais uma derrota para Cavaco, Passos Coelho, Miguel Relvas, Marco António e Maria Luís.

Montenegro teve melhor imprensa do que Rui Rio, tal como, há anos, Francisco Assis em relação a António Costa. Enquanto der jeito à direita mais à direita, os adversários têm a comunicação social à disposição, e equiparar Rui Rio a Montenegro é comparar António Costa a Passos Coelho, Mário Centeno a Maria Luís e Sampaio a Cavaco.

Rui Rio é um político que prefere a genuinidade de se apresentar como é, com os seus méritos e debilidades, à hipocrisia de imitar os adversários, que escondem a vacuidade de ideias, a leveza ética e a avidez do poder.

Dito isto, a vitória de Rui Rio é o pior que acontece à esquerda. O ciclo político, que lhe é desfavorável, torna precária a vitória, e a alternância, que será tanto mais rápida quanto maiores forem as lutas fratricidas da esquerda e as dificuldades da economia mundial, vão encontrar a direita radical no PSD. O País já esqueceu os quatro anos ampliados por Cavaco a Passos Coelho. Não é o velho salazarista que regressa ou os seus Roteiros que serão lidos, é o seu azedume e ressentimento que transfere para a tralha que apadrinhou. 

Não haja ilusões, a direita tem apoios internos e externos com que a esquerda não pode competir. Quando o ciclo eleitoral se inverter, com a esquerda a digladiar-se entre si, não é Rui Rio que estará à frente dos destinos do País, é a direita radical que regressa do caixote do lixo para a ribalta.

Rui Rio voltou a derrotar o vazio intelectual, a leveza ética e os ácidos reacionários que fizeram do País, durante a legislatura, um laboratório de experimentação neoliberal para a qual nem sequer tinham preparação académica ou experiência profissional.

A vitória de hoje de Rui Rio é o prenúncio de um regresso onde o Dr. Miguel Relvas e o ora catedrático Passos Coelho serão figuras de referência, mas rejubilei, não tanto pela vitória que lhe sorriu, mas pela derrota que infligiu. Aliás, a vitória de 53% contra 47% é uma vitória de Pirro.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides