A Europa, a laicidade e os imigrantes
A Europa, sob pena de renegar os valores, a cultura e a civilização que a definem, não pode deixar de socorrer e tentar integrar as multidões que fogem de países falhados, de Estados terroristas e de regiões que o tribalismo e a demência dominam.
A Europa, tantas vezes responsável por agressões
devastadoras, cujas consequências ora a confrontam, não pode renunciar ao dever
de solidariedade para com os acossados, não por expiação de culpas, mas por
imperativo ético.
Nunca a metáfora da bicicleta, caindo quando para, foi tão
certeira como aplicada à UE, que não soube ou não quis federar as nações que a
compõem com o aprofundamento da política comum, nas suas vertentes económica,
social, fiscal, militar e diplomática, para quem, como eu, acredita num projeto
europeu.
Mal dos europeus se o medo os paralisa e preferem abandonar
os náufragos a assumir o risco de salvar um terrorista, e pior ainda, se
descuram o perigo que a exigência ética comporta, se não souberem distinguir os
crentes, que precisam de ajuda, das religiões que exigem combate.
A Europa civilizada morre se renunciar à solidariedade que
deve e suicida-se se não se defender da perversão totalitária de culturas
exógenas que vivem hoje o medievalismo cristão e o pendor teocrático do seu
próprio passado que o Iluminismo erradicou.
A civilização europeia ou é laica ou perece. Não pode ceder
a poderes antidemocráticos, permitir a confiscação de espaços públicos por
quaisquer religiões, muito menos, pelas que incitem ao crime, em nome de Deus
ou do Diabo.
O Islão, na sua deriva sectária, é puro fascismo a exigir
contenção. Enquanto não aceitar a igualdade de género, o livre-pensamento e as
liberdades individuais não pode ser tratado como as religiões cujo clero se
submeteu ao respeito pelas regras democráticas e à aceitação do Estado laico.
A laicidade, paradigma da cultura europeia, é a vacina que
salva o pluralismo religioso, preserva a sua civilização e evita a xenofobia
que alimenta a direita antidemocrática que pulula nas águas turvas do medo e da
demagogia.
Não se exige mais a quem chega do que a quem já estava, a
submissão às leis do Estado laico e democrático.
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