A Justiça e o caso Sócrates (22 de novembro de 2014) – há 10 anos.

Dou por mim a pensar no circo mediático que, de forma obsessiva, tem lugar na praça pública e fico a desejar, para bem do que resta das instituições e da sua preservação, que se provem as acusações que, na sequência de um crime de grosseira violação do segredo de justiça, são do conhecimento público.

Não tenho qualquer estado de alma e, à partida, penso que nenhum procurador ou juiz seria capaz de deter um ex-primeiro-ministro sem indícios tão sólidos que pudessem arruinar a respeito devido aos Tribunais. A satisfação de ódios de estimação não entra na equação.

Apesar da coincidência infeliz de se estar na véspera do congresso do PS e de a TV se encontrar no aeroporto, à hora da chegada do cidadão que chefiou dois Governos, e não ocupa agora qualquer cargo político, só a violação do segredo de justiça merece reparo.

Abstraindo do drama pessoal de Sócrates, desejo que os motivos que conduziram ao seu linchamento público sejam cabalmente provados.

Os Tribunais são o único órgão da soberania em que ainda devemos acreditar. Não é um cidadão que está em causa, é a Justiça que fica sob escrutínio. Se vier a falhar, resta-nos pensar que temos a maioria, o Governo e o PR que merecemos.

Apostila – 10 anos depois só perdi a fé na Justiça. O último parágrafo continua atual no atual governo. Hoje, como então, temos o governo que o Ministério Público provocou.

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