O inconseguimento de Montenegro (2)
Depois da frustrada comunicação ao País, tornam-se mais claros os objetivos da insólita conversa em família em horário nobre. O PM surgiu na companhia de duas ministras e dos diretores das polícias com um duplo objetivo, que falhou.
Por um lado, queria afastar a sombra do partido fascista através da apropriação do seu discurso, o que só o enxovalhou. Por outro, pretendia dar novo impulso à imagem de fazedor que difundiu, antes de esgotar em oito meses a folga orçamental que o anterior executivo destinava à legislatura que o PR e a PGR impediram de levar ao fim.
O falhanço foi de tal monta que a ministra, cuja imagem quis limpar, saiu ainda mais fragilizada depois de o ter arrastado na desconfiança.
Na conversa em família o PM substituiu-se à ministra para lhe limpar o cadastro e, no dia seguinte, vieram o ministro Amaro e o líder parlamentar do PSD a apanhar os cacos do seu desastre comunicativo.
O ministro veio dizer quanto à atualização de pensões: «por decisão do Governo, repito, por decisão do governo», o Governo cumprirá a lei, deixando antever que este governo AD cumpre a lei porque decide cumpri-la e não pela sua obrigatoriedade.
E o líder parlamentar, o inefável Hugo Soares, disse, perante o desconchavo do horário e a solenidade, que quaisquer horas seriam boas. Não limpou o flop propagandístico do PM, só desvalorizou a importância do horário nobre.
Em resumo, o PM não conseguiu reabilitar a MAI; Amaro e o líder parlamentar do PSD não lograram reabilitar o PM.
A detenção de marginais suspeitos de homicídio tentado honrou as polícias, mas a sua instrumentalização pelo PM foi indigna num Estado de Direito.
Na próxima comunicação do PM ao País os portugueses vão para o futebol, se o houver.
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