Marcelo e a Procuradoria Geral da República
Marcelo, cumprida a missão de derrubar um governo de maioria absoluta, abandonou os recados, indelicadezas, palpites, ameaças, remoques e julgamentos ao governo. Ao atual.
Quem não alterou o comportamento da anterior PGR foi Amadeu Guerra que, depois de enaltecer no seu discurso de posse a competência da antecessora, parece comportar-se de igual forma e ser indiferente ao destino da democracia.
Dada a liberdade que o cargo lhe confere, era de admitir que tivesse a sensibilidade para perceber que o regime não pode estar refém das suspeitas que a instituição lançou sobre titulares dos mais altos cargos políticos nem ser o braço da instabilidade da democracia.
Tendo aceitado o cargo, depois de o PR ter afirmado que já tinha o perfil (nome?) e que a nomeação lhe cabia, exigia-se que mostrasse independência e desfizesse a suspeição sobre quem é oriundo do Ministério Público, origem temida por quem vê no órgão uma extensão corporativa e sindical, nomeadamente os signatários do Manifesto dos 50.
Após cinco anos continuamos sem saber de que é acusado o ex-ministro Galamba, ódio ou pretexto de Marcelo para interromper a legislatura ao PS, para lá de duas refeições caras. António Costa, uma demissão provocada pela suspeição lançada pela D. Lucília Gago continua a ser investigado sem se saber porquê e a quê, após confusão entre duas personalidades de apelido Costa. Juntem-se ex-ministros que recusaram a candidatura a cargos políticos antes de saberem se a suspeição é mera patifaria. E ainda não sabem!
Quem tem memória das perseguições da PIDE não se resigna ao poder discricionário de qualquer instituição do Estado, sobretudo da PGR, que pode destruir a democracia.
Quando a Região Autónoma da Madeira se encaminha para a terceira eleição legislativa, no prazo de um ano, graças à instabilidade provocada por suspeitas sobre o presidente, não se pode aceitar que ao PR, caso perdido, se junte o PGR como perigo para o regime.
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