A guerra Israel / Hamas – Vamos lá ver se eu compreendo…
Israel, legitimado pela Torá, com certidão da Conservatória do Registo Predial Celeste, da Idade do Bronze, onde Deus atribuiu às 12 tribos de Israel a propriedade vitalícia da Palestina, encontrou em Netanyahu o guardião da vontade de Deus cuja assinatura está omissa na certidão, mas de que há provas irrefutáveis no Antigo Testamento.
Não sei
como se pode duvidar da palavra de Deus ou pôr em causa a Sua vontade, mas os
palestinos, com uma cópia grosseira desse manual, duvidam da a fé dos judeus e
dos cristãos, talvez porque Maomé, o Misericordioso, era analfabeto.
Que um
ateu, como eu, veja nos livros sagrados apenas a narrativa dos patriarcas
tribais, é apenas um pecado sujeito às penas do Inferno, de que fui prevenido
pelas catequistas da minha infância há três quartos de século, mas que duvidem os
crentes, só por falta de fé.
Tal como Israel
com Netanyahu, a América profunda, vaidosa da resistência às vacinas, à
segurança social e à obrigatoriedade escolar, encontrou em Trump o intérprete da
alma do País. Embora o Antigo Testamento não o refira, talvez porque figuras menores,
como Abraão e Moisés, gozavam de mais popularidade, é agora um intérprete da
Sua vontade. Deus sabia pouco de geografia ou andava distraído, para ignorar os
EUA.
Como estou
farto de guerras, e não gosto de nenhuma, ouvi ontem Trump e Netanyahu a anunciar
o fim aos combates na Faixa de Gaza. E, acreditem, fiquei a torcer pelo êxito.
Mas hoje, depois de saber que Netanyahu negou ter-se comprometido a aceitar o Estado da Palestina, condição sine qua non, começo a pensar que aquele magnífico e excelente acordo, o mais lindo que alguma vez Trump tinha imposto, não passa de Ultimato.
E não terá
êxito.

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