FAZER O QUE SE GOSTA,

OU GANHAR CHORUDO ORDENADO?

Por Onofre Varela

Caiu-me no computador notícia com o título: “Quero ganhar bem. Que curso devo tirar?”.

Não me preocupei em lê-la. O título basta-me para poder discorrer sobre o seu teor.

Quem se preocupa em fazer uma formação profissional com o único intuito de “ganhar bem”, não se importando com aquilo que se faz, é pessoa que está perfeitamente inserida no mundo actual onde o dinheiro é a única meta a alcançar já, agora… e muito. Não importa como.

Estamos a criar um mundo mecânico (no pior que a mecânica nos pode oferecer) sem empatia. Um mundo onde os outros não contam. Um mundo de interesses egoístas, com total ausência de fraternidade onde cada um pretende ser “o melhor da rua dele”, seja em que ramo for, sem sentir, à partida, qualquer gosto por aquele tipo de trabalho. Desde que dê muito dinheiro, serve às mil maravilhas… o importante é que o dinheiro seja muito. Nem que seja um cargo de carrasco (por hipótese extremada…) só para bater em africanos, brasileiros, muçulmanos, indianos, ciganos e homossexuais… desde que paguem bem, o cidadão mal comportado e com cérebro de galinha mal amanhada, faz!

É este espírito que faz a militância extremada, selvagem e criminosa de muita gente que vive de expediente vigarista sem qualquer respeito pelo próximo. Só importa arrecadar dinheiro.

Quando eu era criança comecei a trabalhar cedo, aos 13 anos, como aprendiz de desenhador, porque o desenho era aquilo de que gostava acima de tudo, e não porque me desse dinheiro… nunca quis saber quanto ia ganhar; apenas pretendi dar saída ao meu gosto; do qual, por acaso, podia fazer profissão.

Os meus amigos de infância também iniciaram profissões cedo e por gosto. Transformaram-se em excelentes profissionais de serralharia, impressores gráficos, fotógrafos, picheleiros, electricistas, jornalistas, médicos e carpinteiros, sem pensarem no “chorudo vencimento” da profissão que quiseram exercer por gostarem dela.

Qualquer trabalho é digno… mas quem procura uma profissão unicamente porque nela se ganha bem… transforma-se num ser indigno e, muito provavelmente… nem profissional saberá ser.


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