No 46.º aniversário do SNS
No 46.º aniversário do SNS
Em 15 de setembro de 1979 nasceu a rede de cuidados de saúde
universal e gratuita. Fez ontem 46 anos.
Na sua criação exultaram os progressistas, duvidaram os
conservadores e opuseram-se os reacionários, mas a utopia tornou-se realidade.
O SNS foi um êxito. Portugal tinha dos piores índices de
mortalidade infantil e materno-fetal e passou a integrar os 20 países com
melhores índices a nível mundial. E aumentou em 15 anos a esperança de vida dos
portugueses!
Ontem pareceu haver intenção de esquecer o aniversário e os
partidos que viabilizaram o SNS. Não se enaltece o que devemos a António Arnaut
e Mário Mendes, que lutaram pela sua viabilização, e aos médicos, enfermeiros e
outros profissionais, que tornaram possível o seu êxito.
Nas televisões ainda apareceram alguns adversários, velhos
devotos e eternos velhacos indiferentes à saúde reprodutiva da mulher, a calar
a raiva contra as ecografias e a IVG e a gabarem agora o SNS. Mas eram os que
sempre se opuseram ao planeamento familiar, contraceção e despenalização do
aborto.
O SNS é património dos portugueses, globalmente desejado por
quase todos, mas não nos iludamos, não nasceu nem é politicamente neutro e a
sua defesa não é possível sem o empenhamento de quem assume a herança dos que o
tornaram possível.
Hoje são os adversários que o administram, provadamente incompetentes
e ansioso por desmantelá-lo. Temos de resistir para o manter e libertá-lo do
parasitismo que o ameaça.
É hoje adverso o ambiente para preservar as conquistas de
Abril, e hão de arrepender-se os que desistirem de lutar pelo SNS.
Malditos sejam os que capitularem na sua defesa.
Comentários
Totalmente de acordo que temos de lutar pela preservação do SNS contra o actual Governo da AD, cujos partidos (PSD e CDS) sempre estiveram contra, como o demonstram o voto contra a criação do SNS em 1979, as alterações tentadas pelo Governo de Pinto Balsemão em que o SNS praticamente desapareceria e que foram chumbadas pelo Tribunal Constitucional, e os governos de Cavaco Silva (Lei de Bases da Saúde, Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto, revogada pela Lei Marta Temido, Lei n.º 95/2019, de 4 de Setembro), e Passos Coelho (corte drástico do investimento público no SNS em aplicação do programa neoliberal da troika) colocaram o SNS em concorrência com o sector privado da Saúde e o Estado a ter como missão incentivar precisamente esse sector privado, em detrimento e prejuízo do SNS público, política que o governo do “Luís 55” se propõe prosseguir (revogação da LBS/Marta Temido, criação de médicos de família privados (USF modelo C), desvio de doentes para o sector privado por falta de resposta (desinvestimento) do sector público, etc.)
Bernie Sanders elogia o SNS português
Por último, não posso deixar de realçar o elogio do senador norte-americano Bernie Sanders ao SNS português https://www.dn.pt/arquivo/diario-de-noticias/bernie-sanders-elogia-sns-portugues-17202487.html . “Na perspectiva do político da ala democrata dos Estados Unidos da América, a responsabilidade pelo colapso do serviço de saúde americano deve-se ao modelo de gestão privada aplicada ao sector público, que, segundo Sanders, enriquece os "CEO e os accionistas do setor".
"Embora Portugal gaste cerca de 10.000 dólares menos por pessoa em cuidados de saúde do que os EUA, as pessoas em Portugal vivem 5,6 anos mais, em média, do que os americanos. Por que? Em vez de tornar os CEO e os accionistas do setor da saúde podres de ricos, Portugal investe pesadamente nos cuidados primários e cobre toda a gente".
Aqueles que criticam o SNS português, espero que nunca tenham a desdita de adoecer nos EUA - vd. Pedro Guerreiro sobre os sistemas de saúde nos EUA ( https://www.publico.pt/2024/12/16/newsletter/aquinaamerica) e de como adoecer nos EUA “pode levar uma família à bancarrota”.