Durão Barroso – um ultraliberal na Europa
«José Manuel Durão Barroso, na UE José Barroso, poderá não ser o melhor perfil de presidente da Comissão Europeia que é possível encontrar na Europa. Mas é, sem dúvida, o único perfil de presidente da CE que é possível encontrar em Portugal». (Editorial do Expresso, 10 de Abril de 2009)
Além de manifesto exagero e ausência de demonstração, o Expresso revela, em relação à União Europeia, o espírito provinciano de um órgão paroquial. Igual, só a cegueira política que excluísse Durão Barroso por razões partidárias.
Que um cidadão do Poço de Boliqueime, por exemplo, decida o voto por bairrismo é a fraqueza que se perdoa a um autóctone pelo orgulho de se dizer amigo do candidato, mas que um semanário influente assuma o espírito saloio é uma atitude que reduz a imprensa de referência ao nível dos pasquins de aldeia.
Imagine-se um conimbricense a defender Pimenta de Castro, Sidónio Pais ou Salazar que, segundo a argumentação do Expresso, deviam ser desejados pelos habitantes da época. Nenhum deles tinha o melhor perfil para primeiro-ministro mas, naturalmente, eram os únicos perfis que era possível encontrar, em Coimbra, em cada desgraçado período do último século.
Não pensará o articulista que, com um raciocínio tão primário, jamais os grandes países aprovariam um português e, em vez de partidos políticos, a Europa teria grupos étnicos com representação parlamentar?
Alberto João Jardim tem influenciado o pensamento jornalístico, sobretudo o do Jornal da Madeira que deve a sobrevivência à sua ética, entendimento e subsídios, mas não se imaginaria o mimetismo do Expresso a substituir o interesse europeu pela vaidade indígena.
Depois do infeliz editorial ficámos a saber que, por patriotismo, nos é vedado desejar um bom presidente para a CE, ainda que a previsível vitória conservadora assegure a continuidade de Barroso, o que diminui mais o PPE do que o candidato.
Discordo da continuação de Barroso na CE. Divirjo do homem e das ideias. Desgosta-me ver à frente da CE um representante de Bush, cúmplice da invasão do Iraque, que os EUA já rejeitaram. Repugnou-me a insólita coragem, na formação da equipa do actual mandato, para defender Rocco Butiglioni, exótico italiano homofóbico que o Parlamento Europeu achou impróprio para comissário.
Mas o pior de tudo é o seu ultraliberalismo. O Expresso já esqueceu quem foi primeiro-ministro de Portugal e que, independentemente do desastrado desempenho, tinha no seu programa privatizar a CGD, plano que, se tivesse sido cumprido, teria representado para Portugal, embora com menos sangue, a tragédia que o Iraque representou para o mundo.
Barroso teria sido cúmplice de duas desgraças.
Além de manifesto exagero e ausência de demonstração, o Expresso revela, em relação à União Europeia, o espírito provinciano de um órgão paroquial. Igual, só a cegueira política que excluísse Durão Barroso por razões partidárias.
Que um cidadão do Poço de Boliqueime, por exemplo, decida o voto por bairrismo é a fraqueza que se perdoa a um autóctone pelo orgulho de se dizer amigo do candidato, mas que um semanário influente assuma o espírito saloio é uma atitude que reduz a imprensa de referência ao nível dos pasquins de aldeia.
Imagine-se um conimbricense a defender Pimenta de Castro, Sidónio Pais ou Salazar que, segundo a argumentação do Expresso, deviam ser desejados pelos habitantes da época. Nenhum deles tinha o melhor perfil para primeiro-ministro mas, naturalmente, eram os únicos perfis que era possível encontrar, em Coimbra, em cada desgraçado período do último século.
Não pensará o articulista que, com um raciocínio tão primário, jamais os grandes países aprovariam um português e, em vez de partidos políticos, a Europa teria grupos étnicos com representação parlamentar?
Alberto João Jardim tem influenciado o pensamento jornalístico, sobretudo o do Jornal da Madeira que deve a sobrevivência à sua ética, entendimento e subsídios, mas não se imaginaria o mimetismo do Expresso a substituir o interesse europeu pela vaidade indígena.
Depois do infeliz editorial ficámos a saber que, por patriotismo, nos é vedado desejar um bom presidente para a CE, ainda que a previsível vitória conservadora assegure a continuidade de Barroso, o que diminui mais o PPE do que o candidato.
Discordo da continuação de Barroso na CE. Divirjo do homem e das ideias. Desgosta-me ver à frente da CE um representante de Bush, cúmplice da invasão do Iraque, que os EUA já rejeitaram. Repugnou-me a insólita coragem, na formação da equipa do actual mandato, para defender Rocco Butiglioni, exótico italiano homofóbico que o Parlamento Europeu achou impróprio para comissário.
Mas o pior de tudo é o seu ultraliberalismo. O Expresso já esqueceu quem foi primeiro-ministro de Portugal e que, independentemente do desastrado desempenho, tinha no seu programa privatizar a CGD, plano que, se tivesse sido cumprido, teria representado para Portugal, embora com menos sangue, a tragédia que o Iraque representou para o mundo.
Barroso teria sido cúmplice de duas desgraças.
Ponte Europa / SORUMBÁTICO
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