Esquerda islandesa com maioria absoluta
A coligação de esquerda na Islândia garantiu a maioria absoluta no Parlamento, após as eleições antecipadas realizadas ontem.
O acto eleitoral penalizou, como se esperava, a direita, considerada a responsável da crise no país.
Na actual crise uma maioria relativa seria desastrosa.
O acto eleitoral penalizou, como se esperava, a direita, considerada a responsável da crise no país.
Na actual crise uma maioria relativa seria desastrosa.
Comentários
A conquista da maioria absoluta é uma "natural" resposta do eleitorado islandês que, inopinadamente, assistiu ao desastre de uma direita neoliberal, conduzir o País à bancarrota.
Mas, temos de ser realistas, há diferentes situações na Europa.
E, na Europa, o comum são as coligações eleitorais, sem que daí venha algum mal ao Mundo.
Aliás, na Islândia, a maioria absoluta não foi conquistada por um único partido, mas por uma coligação eleitoral: O partido Social-Democrata (30,9 %) e o movimento Esquerda-Verdes (21,5%).
Em Portugal é que a maioria absoluta está associada a uma (expressiva) vitória unipartidária.
Provavelmente o argumento da crise - que é relevante na questão da governabilidade - poderá fazer-nos repensar o actual e estreito caminho para conquistar a maioria absoluta.
O exercício solitário do Poder, merece muitas críticas, no nosso País, sendo a arrogância do seu exercício, uma das mais frequentes...
Se me der uma razão para acreditar que a esquerda portuguesa tem condições para se coligar, subscrevo o seu comentário.
De qualquer modo apenas manifestei satisfação pela vitória da esquerda. Plural mas unida no essencial, pois claro.
Continuo a ser visita diária, apenas não comento.
Mas que melhor poste -assinala uma vitória da(s) esquerda(s)- para te deixar um grande abraço de Abril com a força do Maio que há-de vir.
Sempre!
Os sonhos comuns e a amizade de há mais de quarenta anos continuam vivos.
Ainda bem.
Estou plenamente consciente de que uma eventual coligação de Esquerda, em Portugal, hoje, ou, mesmo no período pré-eleitoral, é difícil, se não improvável.
Mas a partir daí nada nos autoriza a considerá-la ímpossível.
Porque se seguirmos esse caminho condicionamos a liberdade de voto dos portugueses.
Isto é, o valor primordial do voto democrático é a possibilidade do eleitor votar no partido com o qual se identifica políticamente.
O voto "útil" é uma criação partidária para esconder a incapacidade dos partidos de coligar-se, sobrepondo os interesses partidários ao nacional, isto é, ao de bem governar o País.
Não temos uma estrutura sócio-política que seja tão diferente, tão dispar sociológicamente e partidariamente, do resto da Europa.
Que torne impossíveis quaisquer abordagens de coligações à Esquerda.
Até, porque, dentro do contexto social nacional, a Direita portuguesa encontrou espaço para as suas nefastas coligações, quando precisou.
Ao fim de 35 anos de democracia as Esquerdas continuas bloqueadas por questiúnculas e ressaibamentos passados e fantasmas presentes, a maioria deles sem qualquer relevânncia.
O que será imperdoável é o PS no caso de obter uma maioria simples, não promover esforços com vista a arranjar coligações ou acordos de incidência parlamentar, recusar governar nestas circunstâncias e entregar, de bandeja, o poder à Direita.
Nós não somos a Islândia, nem estamos (penso eu!) no mesmo gradiente de crise, mas estou convencido que cá, como lá, os cidadãos têm consciência que a crise é mundial e foi gerada pela aplicação de politicas doutrinárias e económicas de Direita - o neoliberalismo.
No caso de haver um natural (e esperado) deslocamento do eleitorado para a Esquerda, este, com certeza, não irá recair exclusivamente no PS.
O PS, tem governado com maioria absoluta e, como é natural, sofrer a usura do poder, cuja consequência major será a perda da maioria absoluta.
E, esse facto, coloca todos os partidos de Esquerda perante um incontornável dilema:
Ou são capazes de gizar uma política realista que sirva o País;
Ou, tem a coniança dispersa do eleitorado, mas preferem continuar a servir, exclusivamente, as suas capelas e repete-se a situação que levou Cavaco à governação do País e mais tarde Durão Barroso.
Depois, é só esperar que o País, apesar de todo o chorrilho de erros políticos e económicos, desiludido com a Esquerda, a maioria sociológica desloca-se para a Direita...
Devido a uma espécie de "birra" da Esquerda (não estou a responsabilizar exclusivamente o PS) criamos uma situação semelhante à da pescadinha de rabo na boca...
Concordo que, hoje, neste momento, a Esquerda não tem condições para se coligar. Mas vivemos o momento pré-elitoral, em que todas as ilusões são possíveis, ou, até, necessárias.
Mas, estou convicto de que se não procurarmos novas condições, novas metodologias, novas soluções, estaremos a alimentar um imenso capital de descrédito perante eleitores tradicionais e potenciais das "Esquerdas".
Em consequência disso, poderá a Esquerda passar largos anos afastada da governação.
Nasce aí, um interminável e dilema. Desejo que não seja inelutável. Só isso!