EDUARDO LOURENÇO: um homem incontornável...


Este ano (2011) Eduardo Lourenço foi distinguido com o prémio Pessoa (link). Uma justa homenagem a um português que – do seu “exílio” em França - tem dedicado a sua vida a pensar Portugal.
Embora esta distinção tenha sido – inclusive pelo próprio - conotada com os estudos pessoanos que desenvolveu ao longo da sua vida, julgo que a obra deste filósofo, ensaísta e professor universitário tem um alcance muito mais vasto.

Sublinho a extraordinária profundidade do seu livro – "O Labirinto da Saudade", 1978 – que nos reporta aos traumas identitários do período pós-colonial. E, posteriormente, em 1998, “O Esplendor do Caos”, em que disseca com maestria e seriedade intelectual a histórica geração de 70, precursora dos ventos democráticos que entraram em fase de acalmia, quando não de perversão.
Livros essenciais para refrescar a habitual amnésia deste povo luso nestes difíceis tempos que se avizinham.

Embora avesso a indiciar personagens do ano, julgo que Eduardo Lourenço não deve deixar de figurar entre os notáveis pensadores e ensaísta portugueses que foram capazes de retratar no presente (e durante toda a segunda metade do século XX) o sentimento de ser português. Felizmente, Eduardo Lourenço, continua presente na nossa cultura porque, na verdade, tornou-se essencial, e urgente, saber pensar Portugal perante uma Europa frágil que se afunda no caos.

Cito, em homenagem ao brilhante ensaísta e pensador um pequeno excerto de "O Labirinto da Saudade":
“...Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo...”


É esta a representação que os actuais poderes públicos tem protagonizado para o País. Fazer "boa figura" à custa do empobrecimento dos portugueses é torturar a esperança e hipotecar o futuro.

Avizinha-se um Novo Ano de luta, de resistência e de sobrevivência. Todos sabemos que não será "Bom"!

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