Vítor Gaspar: do dr. Pangloss ao conselheiro Acácio...

Euro/Crise: Governo "não é panglossiano" na sua atitude perante a crise - Vítor Gaspar link.

Vítor Gaspar ao tentar distanciar-se da celebrada personagem da sátira de Voltaire - “Cândido” ou “O Optimismo” - quer precaver os desaires do futuro (imediato?)afastando-se de um mundo incompreensível de crenças que estão patentes na expressa vontade publicamente manifestada por Passos Coelho de “não falhar”, através de uma falaciosa “cultura da pobreza”, enquanto a Europa desaba à sua volta.

Ensinava o Dr. Pangloss ao seu discípulo Cândido:
“…Estará abundantemente demonstrado que as coisas não poderiam ser diferentes do que são: pois como tudo está destinado a um fim, tudo estará necessariamente destinado ao melhor fim. As pernas foram visivelmente instituídas para usar calças – por isso usamos calças. E como os suínos foram feitos para serem comidos, e não para enfeitar as pocilgas, nós comemos presunto, linguiça e bacon o ano inteiro. Por conseguinte, quem diz que está tudo bem, diz uma rematada asneira. Deveria antes dizer que está tudo o melhor possível…”

Escusava Vítor Gaspar de refugiar-se nas filosóficas concepções optimistas de Leibniz através da picaresca figura do Dr. Pangloss. Temos exemplares deste calibre por cá. Bastava citar a queirosiana personagem do conselheiro Acácio.

De facto, a aleivosia que foi repetidamente propalada de que, para 2012, se prevê um “crescimento negativo”(!!!) de 3%, não é mais do que uma efabulação acaciana travestida de projecção sobre a evolução económica nacional.

Ou então, mais valia, repisar o estafado refrão: vamos fazer necessariamente (não esquecer sublinhar a evocação de necessidade) o melhor possível… que não é obrigatoriamente óptimo, nem sequer bom e seguramente péssimo.

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