Passos Coelho: entre o remanescente e a bravata …

Governo: Passos Coelho anuncia verba excedente de 2 MM€
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou hoje que existe uma verba excedente de cerca de dois mil milhões de euros para «pagamentos à economia». link

Na realidade, não existe qualquer excedente. Os 6 mil milhões que o governo, numa operação de engenharia financeira, foi buscar aos fundos de pensões dos bancários, funcionam como mais um empréstimo, desta vez, interno.

É mais um passo no endividamento global do Estado. Os contribuintes vão ter de pagar (devolver) 500 milhões de euros/ano para as pensões dos bancários, durante largos anos. Foi como se diz na gíria popular “meter um vale à caixa”.
E destes 6 mil milhões de euros– mais de 2 milhões – servirão para pagar (parte dos) “calotes” do Estado a empresas que operam em Portugal. Neste momento, a discussão sobre este ilusório “bolo” não faz qualquer sentido.
Este dinheiro não deverá sair dos bancos. Isto é, muitas das empresas credoras do Estado são devedoras à banca e este “excedente”, depois de submetido a virtuais e virtuosos circuitos de transferências, vai ficar onde está. Exactamente onde está. Não faz entrar dinheiro novo na Economia. Este será mais um passo na relapsa e obscura operação designada como: - recapitalização dos bancos.

Provavelmente, necessitávamos de parte desta verba para cumprir o deficit orçamental de 2011. Não sabemos quanto. O que parece líquido é que o País a braços com uma crise de dívida não necessitaria de contrair tão elevado encargo (um novo tipo de empréstimo) que arrasta consigo mais responsabilidades e obrigações futuras. O Estado tem de assumir os seus passivos e inscrevê-los no orçamento. Ainda não saímos de uma e já estamos a entrar noutra…
A engenharia financeira de cavalgar uma “nova” onda do crédito fácil ("medida extraordinária”, chama-lhe o Governo), ao abocanhar os fundos de pensões dos bancários, para saldar dívidas de empresas públicas é um assunto polémico. Muito mais polémico quanto é verdade que estas dívidas não foram dissecadas, nem explicadas aos portugueses que, objectivamente, vêm as empresas públicas a disponibilizarem serviços cada vez mais onerosos (em nome de “reestruturações” e “reformas”).
E, pior, este “remanescente” (chamemos-lhe assim) não consegue fazer a procissão sair do adro. Na verdade, cobrirão cerca de 30% das dívidas do Estado a empresas e fornecedores (com atraso de mais de 180 dias!). E esta “ginástica” - não vale a pena iludir - far-se-á à custa da sustentabilidade da Segurança Social.


Todavia, o Governo apressou-se a anunciar que vai “injectar” dinheiro na Economia…
Sabemos que, apesar desta bacoca prodigalidade, a economia – em recessão e a caminho do seu aprofundamento - não corre o risco de morrer de overdose. Antes pelo contrário!

Comentários

eh pá excedente quando vamos ter um défice de uns 5 e tal por cento

para acrescentar aos 180 mil milhões

ou seja mais 9 mil milhões que como disse nosso sócras é para ir pagando eternamente

como as dívidas que deixei por aí
2 mil milhões a mais ou 1/3 de madeira a menos é igual

1000 euros ou 20 mil contos de dívida dá no mesmo

a gente paga...pelo menos até ter
acho que em escudos bou deixar de ter cobres papagar
Manolo Heredia disse…
O Estado há-de arranjar maeira de não cumprir os compromissos que contraíu junto dos reformados da banca (como está a fazer com os funcionários públicos e com os outros pensionistas). Se pensarmos assim compreendemos que até foi um bom negócio...
e-pá! disse…
Manolo Heredia:

Ora bem!
E a justificação´será...
... porque é necessário, porque está no memorando da troika, porque não existem alternativas,...

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