O estouvado primeiro-ministro estagiário
O estouvado PM foi ontem visitar uma escola privada onde debitou um salmos de louvor ao ensino privado, em detrimento do público, e afirmou que «se o ministro da Educação tivesse intervido [sic] diria a mesma coisa que ele» (certamente sem o pontapé na gramática).
Disse coisas certas e originais mas as certas não eram originais e estas não eram certas, afirmando que a escola não se destinava a educar mas sim a transmitir conhecimentos. Cito de memória, sem poder reproduzir o português sofrível, mas recordado da obsessão com o complexo de culpa com que deprime os portugueses. O seu discurso é, mais ou menos, este: Tivemos culpa na dívida que temos e é bem-feita que tenhamos de ser castigados. E, «custe o que custar», seremos.
O estagiário Passos Coelho já começa a sofrer baixas na central de intoxicação que atribui ao anterior Governo a origem de todos os males e parece perder a solidariedade de Belém que, na pressa de mandar em S. Bento, não ponderou este casting.
Para que as mentiras, à força de repetidas, não se tornem verdades, convém lembrar a origem dos encargos insustentáveis de que se queixa, atribuindo-os aos governos do PS, sem perceber a influência da crise internacional:
Em 1995, Sousa Franco (o melhor ministro das Finanças da democracia) herdou de Cavaco um défice de 5% que reduziu para 2,7% até 1999, défice que atingiu um pico, com Pina Moura, de 4,3% em 2001, travado por Guilherme de Oliveira Martins até 2002; com Manuela Ferreira Leite o défice foi de 2,9% (herdado do PS), 3% e 3,4% respetivamente em 2002/3/4; de 2004 a 2005o pior ministro das Finanças desde a ditadura de Pimenta de Castro – (Bagão Félix) –, em meses, conseguiu elevar o défice, com Santana Lopes, para 5,9%.
O primeiro mandato de Sócrates, com Teixeira dos Santos, foi de grande contenção. O descalabro dos dois últimos anos registou-se, no pico da crise financeira internacional, quando os organismos, que agora nos esmagam, pediram para não olharmos ao défice e salvar a economia.
Passos Coelho, o estouvado PM estagiário, fala na herança de 8,3%, herança que, até agora, tem servido para fazer de Portugal um laboratório do extremismo ultraliberal com trágicas consequências para a economia real e para o desaparecimento da classe média.
Comentários
(permita-me o pôr o link deste post no meu bloguezito)
Abraço.
MTiple